terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Fabrica de Cerveja e Soda Eugenio Anselmi


Texto baseado no trabalho:Conheça Descalvado
Autor: Luiz Carlindo Arruda Kastein


O nome do município de Descalvado vem do nome de um morro, ou precisamente do Morro do Descalvado que tem esse nome devido ao fato de ser desprovido de vegetação. O Morro até possui cerrada vegetação em seu topo, porém apresenta partes rochosas, o que lhe legitima a denominação de Descalvado, escalvado ou calvo.

Em 1809 foram constituídas as fazendas Grama, Nova e Areias, por essa época, as terras de Descalvado não teriam nome, pois eram fundo de Rio Claro ou de Araraquara (mais de Rio Claro, embora não de princípio unido a ele, administrativa e juridicamente).

Em 1820, José Ferreira da Silva, proveniente de Minas Gerais compra a fazenda Areias. Doze anos depois, em 1832, ele constrói a Capela de Nossa Senhora do Belém em cumprimento a um voto religioso de sua mulher Florência Maria de Jesus, rodeada por cinco casinholas ao seu redor dando início ao povoado, em 1842 quando o casal fez a doação de uma légua de terras para a igreja já somavam quarenta taperas. Em 1845, já eram em torno de 80 casebres ao redor da Igreja e em 1883 já existiam 397.

Em 28 de fevereiro de 1844 foi criada a Freguesia (Distrito de Araraquara) da Capela Curada de Nossa Senhora do Belém pela lei n.º 21, esta freguesia fica desanexada do município de Araraquara, e reunida com todo o seu território ao de Mogi-Mirim. E ainda como freguesia, foi incorporada a São João do Rio Claro, pela lei n.º 13, de 7 de março de 1845. Elevada a vila em 1865 continuou a pertencer à comarca de São João do Rio Claro; com o nome de Belém do Descalvado, em 1º de abril de 1889, foi elevado à categoria de cidade com o nome de Belém do Descalvado e em 26 de dezembro de 1908, a Lei n.º 1157 Simplifica o nome mudando a denominação do Município, Comarca e Distrito de Paz de Belém do Descalvado para Descalvado.

O movimento abolicionista associado à expansão cada vez maior do café foi o estímulo para a vinda de imigrantes, principalmente italianos, para o município de Descalvado. A população municipal elevou-se rapidamente com a substituição do braço escravo, os italianos firmavam contratos de trabalho em que se fixava as obrigações do “colono” bem como o salário que recebia, em geral proporcional ao número de pés de café tratados. Às vezes recebiam “pequenas roças, geralmente dois hectares, onde plantavam milho, arroz, feijão, batatas, legumes e às vezes videiras. A grande aspiração destes imigrantes foi a posse de um lote de terra próprio. Procuravam juntar os meios necessários para a compra do mesmo. Em 1886, de cerca de 1124 estrangeiros 729 eram italianos. De 1890 a 1910 o município de Descalvado recebeu, aproximadamente, cerca de 3.000 famílias provindas do norte da Itália. Com isto, a população municipal, elevou-se, rapidamente, para quase 30.000 em 1900.

Antes da grande industrialização da cerveja em São Paulo e no Brasil, e mesmo já iniciada esta, Descalvado sempre fabricou sua cerveja, até que, pela década de 20, fechou sua derradeira fábrica. Dada a grande população rural, na época do fastígio do café, às entradas da sede urbana, erguiam-se cervejarias de proprietários locais e todos fazedores de ótimos produtos, usando, para isso, entre os ingredientes necessários, alguns importados da Alemanha, a terra da cerveja por excelência. Foi época de muita camaradagem, de constantes piqueniques e estes, especialmente nas proximidades das cervejarias. Sabe-se que naqueles tempos a segunda feira era dia de folga para os artesãos e, então, nesse dia, reuniam-se todos nas cervejarias descalvadenses, para uma festiva jornada de muito beber e comer.

Os anos de 1890 a 1893, foram de apreensão sobre o estado de salubridade publica. As noticias que vinham de todos os quadrantes eram as piores possíveis, falava-se em febre amarela, em varíola, em epidemias que grassavam por toda a parte, não escapando a Capital da República e do Estado. Estudavam-se os meios de debelá-las ou de atenuá-las.

No Descalvado, restabelecida a Câmara e dissolvida a Intendência Municipal, tratou ela de precatar-se contra qualquer surto epidêmico. Como houvesse dentro da cidade quatro fábricas de cerveja e se julgasse que as dejeções das fábricas de cerveja dessem causa aos miasmas (na época era o termo empregado na suposição de que existiam miasmas) pestilentos, a comissão de Higiene da Câmara indicou e a Câmara, em dezembro de 1892, aprovou a lei ordenando que essas fábricas se mudassem, saindo do perímetro urbano como medida de higiene pública. Os proprietários se Insurgiram contra a medida, mas nada conseguiram.
Assim, uma das cervejarias fechou suas portas, vendendo sua maquinaria enquanto a de Pompeu Brambilla, foi mudada para o bairro do Tamanduá, a Cervejaria Fumagalli de Luiz Fumagalli, foi para o bairro São Sebastião e a Fábrica de Cerveja e Soda de Eugenio Anselmi que acabou se instalando no sítio Tirolim que ficava às margens do Ribeirão Bonito, caminho da Fazenda Ibicoara, propriedade de sua família.


No final do século XIX, pelo menos em Descalvado, Igreja e Maçonaria, andavam de mãos dadas, e ambas se preocupavam muito com o casamento civil, que naqueles anos andava no esquecimento. O Secretário da Capitular Loja Maçônica “Triumpho e União”, João Fernandes da Silva, seguindo determinações do Dr. Carlos Reis, Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil, a qual estava subordinada a Loja de Descalvado, reuniu-se com o Pároco de Descalvado, o gaúcho Francisco Teixeira de Vasconcellos Braga, e acertaram a realização de uma conferência pública sobre a tese: “O casamento civil”, escolhendo para dissertar sobre o tema, o maçon Dr. Ângelo Tourinho de Bittencourt, renomado advogado do fórum local e ilustre “pedreiro livre” da “Triumpho e União”. A palestra foi realizada na sede da Loja Maçônica, que ficava na rua Áurea, num domingo do ano de 1902, às 19 horas.
Muitos não compareceram a palestra, porque o Bar do Marcelo que ficava no centro da cidade, lançava naquela noite como novidade, cerveja gelada das marcas: Fumagali, Sassi, Tirolim, Gargantini, Brambilla e Tamanduá, todas fabricadas em Descalvado e vendidas a 1$200 a unidade, mais caras que os vinhos italianos e portugueses, que custavam na época $800 Réis. Até então a cerveja era servida na temperatura natural. O gelo era fabricado no Empório Familiar de Maria Paraventi, que aceitava encomendas pelo telefone 15, fazendo entregas a domicílio.

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