domingo, 11 de dezembro de 2011

Nutrimalte Ind. e Com. de Bebidas Ltda./Ceva Malte Cerveja Natural Ltda./Cerveja Mury



Baseado nos textos:
Revista Manchete Rural nº. 27, Viviane Novaes, Junho de 1989.
Entrevista de Pedro de Paulo Osorio Ferreira ao Sr. Juca Coelho, Setembro de 2011.
Imagens: Manchete Rural nº. 27, João Silva, Pedro de Paulo Osorio Ferreira e Paulo Antunes Jr.(rótulo)

foto Manchete 27
Era com a mensagem “Um brinde à saúde” que o comerciante Alcino Coelho, já falecido, levava adiante sua pequena indústria de cerveja natural, fundada, em meados de 1985, como Nutrimalte Indústria e Comércio de bebidas Ltda, na localidade de Parada das Flores em Mury, distrito de Nova Friburgo - RJ, no Km 72 da rodovia Rio-Friburgo (RJ-116), em frente da antiga churrascaria Quari Quara, a cerveja era fabricada no segundo andar de um prédio, nas lojas do térreo eram vendidas as cervejas, queijos, etc. e havia ainda, um porão que servia de depósito.

Produzindo aproximadamente 1000 litros por mês de três tipos de cerveja: münchen, malzbier e pilsen da marca Mury nome do distrito de Nova Friburgo, onde morava e mantinha a loja de quitutes e bebidas.

Para isso, contava com a ajuda de seus quatro filhos, o que certamente reduzia a zero seus custos com mão-de-obra. Assim, a cerveja que fabricava tinha um custo de NCz$ 0,08 (oito centavos de Novos cruzados) a garrafa one-way e NCz$ 0,10 a comum, sendo vendida a NCz$ 0,40 e NCz$ 0,60, respectivamente. A garrafa one-way – aquela descartável – tinha mais saída, sobretudo para aquelas pessoas que jamais provaram uma cerveja natural. Só os fregueses habituais de seu Alcino trocavam as garrafas vazias pelas cheias.
foto Pedro de Paulo

Ela era vendida em Nova Friburgo, em Teresópolis e em alguns lugares da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Para montar sua indústria caseira, ele passou por uma série de procedimentos na legalização do produto e das instalações. O registro do produto obedeceu à Lei 5.823 de 14/11/72 e foi expedido pela Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária e Secretaria de Inspeção de Produto Vegetal. O governo federal exigia que a água fosse de excelente qualidade e retirada de nascente. Aliás, este requisito é o grande segredo da cerveja, que determina seu sabor e qualidade. As instalações também obedeceram à legislação e, entre outras exigências, deviam ter quatro metros de pé direito (altura).
foto Manchete 27
Em maio de 1986, a firma foi alterada para Ceva Malte Cerveja Natural Ltda.
foto Manchete 27
Na fabricação da cerveja natural, seu Alcino utilizava um moedor, um recipiente para cozimento de aço inoxidável, tanque para decantação, máquina de lavar garrafa, máquina de engarrafar, filtros e termômetro. Somando-se esses equipamentos às melhorias que foi obrigado a fazer em suas instalações, o comerciante estimou um custo de NCz$ 60 mil. A única dificuldade de seu Alcino era a compra de garrafas que não consegue encontrar em maior número pelas redondezas de Friburgo. Fatalmente, recorre ao Rio de Janeiro e se depara com outra dificuldade: O transporte. Para resolver esse problema e passar a produzir cinco mil litros por mês, deveria adquirir dois veículos num consórcio. Por enquanto, só vende seu produto a varejo, dentro da filosofia que acredita: “Começar devagar, crescer aos poucos”.

Um de seus filhos, Juca coelho, era um dos que ajudavam seu pai na produção, mas logo que entrou na faculdade de odontologia passou a ficar com menos tempo para ajudá-lo. Depois de formado e exercendo a profissão, teve que parar de ajudar. Com isso ele foi desanimando aos poucos e parou a produção e acabou fechando no final dos anos 90.

A primeira foto mostra o que sobrou do local onde ela era fabricada e vendida. Na segunda, aspectos de um dos cômodos do porão da cervejaria, cheio de garrafas variadas abandonadas. Não foi encontrada nenhuma garrafa da cerveja Mury com rótulo, visto que houve alagamento de aproximadamente 1m no porão, talvez em função da tragédia climática de Nova Friburgo que fez subir o rio Santo Antônio (logo aos fundos).
foto Pedro de Paulofoto Pedro de Paulo

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Indústrias Ítalo-Brasileiras - Cervejaria Bacchi



Baseado nos textos:
Ruas Botucatuenses e A Industrialização em Botucatu
Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior

As origens da Família Bacchi remontam-se à Idade Média. De estirpe nobre, originária de Modena, os antepassados do Sr. Petrarca Bacchi (Petrarcha) foram exclusivamente homens de armas. Vários deles participaram da Batalha de Beoca, contra os mouros, no dia de Santo André. No ano de 1022 passam a pertencer a Ordem dos Cavaleiros instituída pelo rei Roberto, o Devoto. Foram defensores de fé cristã e o brasão heráldico, representa a batalha de Beoca.

Petrarca Bacchi nasceu em Brescello, província de Reggio Emilia, Itália, em 13 de Novembro de 1867. Era filho de Domingos Bacchi e de dª. Maria Sommi Bacchi. Em 1896, fez a campanha da Abissínia sob as ordens do general Baratieri.

Em 1898 veio para o Brasil passando a residir na cidade de Sorocaba - SP. Nesse mesmo ano transferiu-se para Botucatu - SP.

Em 1901 contraiu núpcias com dª. Maria Petry. Desse consórcio teve os seguintes filhos: Domingos, casado com dª. Onélia Dromani; Sidraco, casado com dª. Teodomira Pampado; Hermínio, casado com dª. Ida Milanesi; Dr. Jacob, casado com da. Maria Dromani; Dr. Américo e Anita. Em segundas núpcias, casou-se com dª. Elvira Grazini e deste casamento as suas filhas Mariana e Marina.

A importância do 1º Ciclo Industrial de Botucatu que vai de 1890 a 1930, é medido pela grandiosidade do Grupo Industrial de Petrarcha Bacchi. O Sr. Petrarca Bacchi iniciou suas indústrias com um moinho de Fubá no local denominado hoje de Salgueiro, isto é, no começo da Rua Amando de Barros junto ao Lavapés; transferiu-se depois para o moinho do Russo hoje de propriedade do Sr. Adriano Ribeiro. Em 1909, mudou-se para a Avenida Floriano Peixoto, primeiramente com uma máquina de arroz. É esta a origem do grande parque industrial.

Da maquina de arroz o Sr. Petrarca Bacchi instalou um pastifício, depois a serraria, maquina de beneficiar algodão e café, fábrica de cerveja, gelo, sabão, fiação de algodão, a Usina Hidrelétrica (que alimentava suas industrias e fornecia para grande parte de Botucatu) e, finalmente, uma fabrica de chapéus. Cerca de 400 empregados trabalhavam nas Industrias Bacchi.

O edifício principal consta de cinco pavimentos. Na maior parte ocupado com a fabricação de macarrão. A esse edifício está ligado um outro ocupado na mesma fabricação. Logo nos fundos deste está o grande prédio especialmente construído para a fabrica de cerveja e gelo. Esta fábrica está sendo acabada de montar.

Esta fabrica está montada com os mais modernos maquinismos, movidos por um vapor de 120 cavalos e iluminada a eletricidade. A capacidade de produção dessa fabrica de cerveja é enorme e está previsto para o dia 20 de dezembro de 1916 a primeira partida de cerveja produzida.

O desenvolvimento dado pelo Sr Bacchi, em vinte anos de atividade industrial nesta cidade é digno de nota. A Câmara Municipal concedeu-lhe isenção de impostos durante vinte anos para essa grande fabrica de cerveja, atendendo ao grande impulso que ela vem dar a cidade e ao indireto aumento de rendas para o município.

Em 28 de fevereiro de 1920 é registrada a cerveja Vencedora sob o nº. 4397 da Junta Comercial do Estado de São Paulo.

Em 30 de maio de 1922 é registrada a cerveja Princeza sob o nº. 5905 da Junta Comercial do Estado de São Paulo.

As reuniões festivas em Botucatu eram sempre alegradas pelas cervejas das Indústrias Ítalo-Brasileiras – Cervejaria Bacchi, instalada em 1918 na Avenida Floriano peixoto 25, perto do pontilhão da Sorocabana, suas marcas: Vencedora, Botucatuense e Brasileira (mais baratas); Crystal, Muenchen e Moreninha (estas duas últimas escuras), que custavam um pouco mais.

    
    
Infelizmente não há um rótulo da cerveja Bugrinha em boas condições

Em 1925, Petrarca Bacchi se desentendeu com a Companhia Paulista de Eletricidade, pois esta não fornecia energia suficiente para tocar suas indústrias. Resolveu, então, montar usina própria na Estação do Lobo. Este desentendimento se arrastou por anos na justiça. Em 22 de julho a Camara de Botucatu aprovou a construção montagem e instalação da usina elétrica no Salto do Rio Pardo proximidades da Estação do Lobo.
A confusão só chegou ao seu témino em 6 de março de 1948 quando a Companhia Paulista de Força e Luz comprou a Empresa Elétrica Bacchi, passando a ser a única fornecedora de energia elétrica no município. O inspetor-chefe da Companhia Paulista de Força e Luz deu explicações: o fio-mestre da Empresa Bacchi será desligado e então ligado o da Companhia Paulista; permanecerão intactas as ligações de casas e indústrias, salvo aquelas que não oferecerem as condições de segurança determinadas pela lei; os medidores das casas até então servidas pela Empresa Bacchi serão substituídos gradativamente.
Pelo acordo havido entre as partes, com a interveniência e aprovação desta prefeitura e dos órgãos federais, a Companhia Elétrica Bacchi deixará de fornecer enegia elétrica em Botucatu, reservando a usina de lobo, de pequena capacidade para as necessidades das indústrias dos sucessores de petrarca Bacchi.

Para completar a visão do quadro de então e da "visão" daquele dinâmico e ousado imigrante, basta dizer que construiu uma Usina Hidrelétrica para "tocar" as suas indústrias, chegando a fornecer energia elétrica à cidade de Botucatu. Da mesma forma que a Matarazzo e a Votorantim, Petrarca Bacchi procurava ser auto-suficiente em energia elétrica, o que mostra que era um empresário moderno e avançado para a sua época.
    
Petrarca Bacchi, além da Usina Hidro-Elétrica do Lobo, que tenta colocar energia elétrica na cidade, possui as Indústrias Ítalo-Brasileiras, com Cervejaria (cerveja, refresco, gelo), Pastifício (massas alimentícias de vária ordem), Beneficiamento (algodão e arroz), Torrefação e Moagem do Café Sublime, Serraria Sant’Anna (carpintaria e fábrica de veículos de madeira), Posto de gasolina, óleo e querosene (fornecidos pela Anglo Mexican Petroleum), Armazém atacadista de cereais, compras a granel de algodão em caroço, e duas fazendas, a Vargem Grande e a Boa Vista.

A 1º de março de 1940 falecia o Sr. Petrarca Bacchi em decorrência de câncer de pulmão, em São Paulo onde se encontrava em tratamento no Sanatório "Esperança", sendo sepultado em Botucatu, consternando toda a cidade

sábado, 26 de novembro de 2011

Cervejaria Schmalz



Baseado nos textos:
Do Cantão para Joinville – a Saga da família Schmalz - Wilson Gelbcke
Rua Visconde de Taunay - Recanto dos alemães às margens do ribeirão Mathias - Maria Cristina Dias

Na década de 1850, como em outras partes da Europa, a Suíça estava em colapso no mercado de trabalho. Assim, surgiram diversas oportunidades de emprego e recomeço de vidas na América.

Naturais de Nidau, Cantão de Bern, o mestre cervejeiro Albrecht Gabriel Schmalz, de 31 anos e sua esposa Margaretha Zenger Schmalz, de 32 anos, e seus cinco filhos: Johann Paul (João Paulo) de 8 anos, nascido no dia 5 de maio de 1844, Anna Margaritha de 7 anos, Sophia Katharina de 6 anos, Rosina de cinco anos e Rudolf de 2anos, receberam 1.750 francos de uma assembléia comunitária e embarcaram para o Brasil, partiram do porto de Hamburgo em18 de março de 1852.

A vinda do cervejeiro para Joinville ocorreu por acaso. Albrecht pensava em se instalar no Rio de Janeiro. Porém, chegou 15 dias atrasado ao porto de Hamburgo, na Alemanha, e perdeu o navio. O jeito foi buscar outra maneira de chegar ao Brasil e, sem conhecer a geografia local, imaginou que aportando no Sul seria mais fácil rumar para o Sudeste. Após 63 dias viagem no navio Emma & Louise, a família desembarcou em terra tupiniquim, chegando em S. Francisco - SC, em 20 de maio de 1852 e na Colônia no dia seguinte (21). A dificuldade de locomoção, entretanto, foi sentida logo na chegada e a família decidiu fixar raízes na região.

Quando os primeiros imigrantes desembarcaram no final do caminho que hoje se transformou na Rua Nove de Março e rumaram para as casas preparadas pela direção da colônia para abrigá-los, a colônia Dona Francisca já possuía três esboços de ruas. Eram pouco maiores que picadas abertas no meio da mata, partiam da chamada clareira do Jurapé e seguiam por três direções distintas, o Norte, o Oeste e o Sudoeste. Nesta última direção surgiu o caminho escolhido pelos primeiros alemães para se radicar, a "Deutsche Pikade", também conhecida como "Matthias Strasse", que posteriormente virou rua Comandante Saturnino Mendonça e chegou aos nossos dias conhecida como rua Visconde de Taunay (se pronuncia "toné"), uma das mais importantes vias de Joinville.

A Colônia Dona Francisca onde Albrecht Gabriel Schmalz e a família desembarcaram era muito diferente do paraíso tropical imaginado pelo imigrante. O que ele encontrou aqui foi mangue e uma inóspita floresta. Albrecht Gabriel não acreditava no que estava vendo. Tudo se resumia numa picada denominada Caminho do Jurapé, que ia do Rio Cachoeira, acompanhando um ribeirão chamado Mathias (...), até uma pequena clareira.

Em seguida, Albrecht adquiriu um lote na Deutsche Pikade, hoje conhecida como Rua Visconde de Taunay, o lote que recebeu da Companhia Colonizadora ficava ao lado do ribeirão Mathias. As águas cristalinas eram perfeitas para Albrecht Gabriel fazer o que ele sabia produzir de melhor: cerveja. Mas faltava o principal. Não havia cevada no novo lar e o clima da região impossibilitava o cultivo do cereal.

Ali construiu a residência dos Schmalz e semelhante a outras casas, rodeou de canteiros de milho, feijão e batata. O suíço resolveu então seguir uma receita que os incas já haviam colocado em prática na América pré-colombiana. Com as águas do Ribeirão Mathias, o milho da plantação e as máquinas trazidas da Suíça, nascia, então, a Cerveja Schmalz, a primeira cerveja artesanal da região. Albrecht Gabriel fez uma cerveja de milho. “O malte era feito pela germinação dos grãos de milho em água quente. Uma tina de madeira era usada para clareação e, depois, a fermentação e a maturação durava quase duas semanas”.

Naquele mesmo ano, 1852, a Colônia Dona Francisca mudou o nome para Joinville. Os colonos suíços não ficaram satisfeitos com as ideias nacionalistas do novo diretor da colônia, o alemão Benno von Frankenberg. Fundaram, então, uma comuna, com Albrecht Gabriel eleito conselheiro. Era o início da veia política dos Schmalz.

Ainda em 1852, no final do ano, falece sua filha Rosina.

Em 1854 nasceu em Joinville o primeiro filho brasileiro: Jacob.

Em 1856, foi fundada na casa da família Schmalz a primeira sociedade de canto coral de Joinville, a Gesangverein Helvetia, que atuou por mais de 80 anos na cidade.

Em 22 de dezembro de 1862, Albrecht Gabriel Schmalz faleceu com 41 anos.

Sua esposa, Margaretha com a ajuda dos filhos passou a administrar a cervejaria até 1880, quando foi vendida.

Sete anos depois, no dia 25 de maio de 1887, Margaretha morreu aos 67 anos.

Desde cedo os filhos de Albrecht Gabriel Schmalz começavam a se destacar em Joinville. João Paulo, que tinha oito anos quando chegou ao Brasil, ficou extasiado pela exuberância da flora e fauna da colônia. Durante toda a vida foi um observador e estudioso da natureza. Em 1913, a valiosa coleção de insetos, com mais 8 mil espécies, foi enviada para a exposição mundial de Chicago. Ele foi superintendente (cargo equivalente na época ao de prefeito) de 1883 a 1887. Tendo falecido em agosto de 1915.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cervejaria e Fábrica de Gazosa de Alberto Genz / Cervejaria Ganso / Steglish & Werner



Baseado nos textos:
Os Antigos Produtores de Bebida - Ademar Campos Bindé - Jornal O Reporter - 29 de maio de 2010.
Fábricas de Cerveja e gasosa em Ijuhy e Região - HoraH nº 12 de 6 de maio de 2011.


No desenvolvimento de Ijuí, a produção de bebidas se destaca não apenas como prática econômica, mas também como importante atividade cultural exercida pelo colono imigrante, que trouxe para nossa região as tradições e costumes de sua região de origem. Percebe-se o predomínio do colono alemão na fabricação de cerveja e do colono italiano no ramo do vinho.

Segundo o relatório de 1912 da Comissão de Terras e Colonização de Ijuhy, em que constam dados para um diagnóstico socioeconômico do então município:
A população de Ijuí, era calculada entre 25 a 28.000 habitantes. Havia 70 casas de comércio, 16 serrarias a vapor, 1 serraria hidráulica, 28 moinhos hidráulicos para milho, trigo e centeio, 4 moinhos a vapor para os mesmos cereais, 42 engenhos de cana, 11 fábricas de cerveja e gazoza, 2 de banha (refinarias), 19 ferrarias e fábricas de carroças e carros, 6 olarias, 2 carpintarias a vapor, 5 curtumes, 3 atafonas (fábricas de farinha de mandioca), 3 padarias, 6 funilarias, 4 engenhos a vapor de beneficiar arroz, 4 engenhos hidráulicos para o mesmo cereal, 9 hospedarias e restaurantes, 4 hotéis, 3 açougues, 7 alfaiatarias, 5 sapatarias, 4 barbearias, 3 depósitos de madeiras, 2 armazéns de consignação e despacho de mercadorias, 2 relojoarias, 1 tipografia, 5 médicos, 2 advogados, 1 fábrica de mobílias de vime, 85 fábricas de manteiga de nata doce, 1 ourivesaria, 1 depósito de cal, 1 fábrica de móveis de madeira, 1 fotógrafo, 1 oficina mecânica e armeiro, 1 bazar, 1 pedreiro construtor”.
A produção era calculada em 5.000 contos e a exportação em 2.500 a 3.000 contos. Exportava-se banha, fumo, feijão, milho, madeiras em toras, tábuas, linhas, pranchões,

No ano anterior, 1911, entre os primeiros habitantes de origem alemã, provenientes de Santa Cruz do Sul a se fixar e se estabelecer em Ijuí, na então “Colônia de Ijuhy”, estava a família do Sr. Alberto Henrique Augusto Genz, nascido em 1878 e casado em 1908 com Paulina Schütz.

Após comprar o lote urbano nº 3 na Rua 13 de maio, o Sr. Genz instalou uma cervejaria na confluência das Ruas Coronel Dico e 13 de Maio, local onde posteriormente foi instalada a antiga Casa Jost.

Fabricava cerveja com a marca Ganso e também Gazosa.


A administração do Sr. Genz chegou ao fim em 1924 quando a cervejaria foi assumida por Steglich e Werner que logo no ano seguinte, 1925, a eletrificam.

Depois de vender a cervejaria, o Sr. Genz junto com seus filhos Júlio e Alberto Fernando instala uma manufatura de fumo, nesta época já possuia um matadouro e fábrica de salames, além de um açougue no centro da cidade.

Veio a falecer em 15 de janeiro de 1931 em Ijuí.


Mas os efeitos da existência, no mercado, de um produto mais competitivo influenciaram, mas não tão rapidamente sobre a cervejaria ijuiense, que produzia para a cidade e localidades próximas.

Aos poucos, ela deixa de produzir e passa a atuar como revendedora da Cia. Cervejaria Brahma. A exigência da Brahma, de que a revendedora local vendesse também seus refrigerantes, fez ocasionar o fim da fábrica, que fecha definitivamente em 1971.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Fábrica de Cerveja Beauclair - Friburgo Brau / Germania



Baseado no texto:
Cervejas de Friburgo, Friburgo Brau, Suspiro e Germania - Janaína Botelho


Além dos primeiros colonos alemães que migraram para Friburgo em 1824, Nova Friburgo recebeu em 1892, 703 imigrantes alemães do total de 1.421 que imigraram para a região serrana.
É possível que Albano Beauclair tenha vindo neste grupo. E é a partir de então que se inicia a história da cerveja Friburgo-Brau.

“O Friburguense”, de 22 de novembro de 1891 nos dá notícia de que as firmas A. de Beauclair & Cia. e Gonçalves & Bastos solicitaram ao Conselho de Intendência do Município, permissão para conservarem abertas, aos domingos e feriados, depois das 3 horas da tarde, as portas de suas fábricas de cerveja. Isto nos leva à conclusão de que havia funcionando, ao mesmo tempo, duas fábricas de cerveja naquela época.

Em 1893, o sr. Albano Beauclair proprietário da Cervejaria Beauclair, fabricante da cerveja Friburgo-Brau anunciava a inauguração da sua nova fábrica localizada próximo ao “chalet” Mac Nivem, possivelmente em razão da excelente e notória qualidade da água de Friburgo, conhecida até mesmo por suas características medicinais. Situada à margem do Rio Santo Antonio, atual Rua Mac-Nivem, era um importante espaço de sociabilidade na cidade.

As novas instalações da Cervejaria Beauclair contava com os mais modernos equipamentos importados da Alemanha, com depósitos de fermentação, adegas subterrâneas e com pasteurização final do produto. A fabricação utilizava unicamente cevada e lúpulo, importados dos melhores fornecedores alemães.

A fábrica de cerveja Beauclair importara todos os aparelhos da Alemanha, onde produzia em média 22 mil garrafas mensalmente. Possuía ainda uma sofisticada máquina de lavar garrafas e outra que experimentava a resistência das mesmas, à base de gás de ácido carbônico. Para o verão, utilizava um resfriador Patent de Neubecker, um engenhoso aparelho para manter a cerveja sempre geladinha. A cervejaria Beauclair adotava o sistema de Munich não só quanto ao maquinário, como no processo de fabricação. O Sr. Albano de Beauclair tinha o diploma de mestre fabricante de cerveja, conferido pela Escola de Cervejaria de Worms, localizado na Alemanha. A fábrica produzia a famosa e saborosa cerveja Friburgo Brau, um produto especial da casa exportada para outras regiões, sendo considerada uma das melhores cervejas nacionais.

A Friburgo Brau era muito exaltada nos jornais e um dos orgulhos da cidade.
O jornal descrevia a Cervejaria Beauclair como “um sítio aprazível, onde a natureza traja sempre galas”, o que seria, na verdade, um Biergarten. O conceito de cervejaria que se difundira no século XIX, as denominadas Biergarten, eram locais situados em áreas arborizadas, com jardins, normalmente próximos a um rio, onde se espalhavam mesas e bancos de madeira.
Nestes locais, cada um levava seu próprio farnel ou refeição e consumia a cerveja vendida no local. Atualmente, na Baviera, a exemplo de Munique, as Biergarten conservam a mesma tradição de outrora. No entanto, já fornecem refeição aos frequentadores. Logo, a Cervejaria Beauclair aproximava-se desse conceito de Biergarten.

Em 1907, Albano Beauclair arrendou a fábrica a Bernardo Dias e companhia, mas continuou a prestar seus serviços. Ao que parece o sr. Beauclair falecera neste mesmo ano. O novo proprietário mudou o nome para Fábrica de Cerveja Germânia. Neste período, a Cervejaria Germânia já possuía diversas máquinas de pasteurização, lavagem das garrafas, arrolhamento, etc.

A cerveja Germânia era descrita como de cor topázio, de espuma argêntea e “aurivibrante”. As garrafas tinham rótulos litografados em letras art noveau com o nome de Germânia, impresso em tinta vermelha. Já se providenciava a substituição das rolhas de cortiça, presas a arame, por outras do sistema teutonia.

Em 20 de novembro de 1920 o jornal Correio da manhã publica o anúncio de venda do prédio da cervejaria.
Até 1930, há informação de que a fábrica de cerveja ainda funcionava, tendo como proprietários Lima Jaccoud & Companhia.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cervejaria Van De Kamp / Fábrica de Cerveja, Limonadas e Gelo Viúva Norberto Van De Kamp



Texto e imagem: Ton Roos e Margje Eshuis - Os Capixabas Holandeses
Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior

Em 1897, o holandês de nome Norbert Van De Kamp (Norberto), um visionário de inteligência e visão além do seu tempo, natural de Calcar, na então Renânia, atual Estado Federal mais populoso da Alemanha, cuja capital é Dusseldorf, inaugura uma fábrica de cerveja, limonada e gelo, com capacidade de produção compatível com aquele que era o maior e mais desenvolvido empório comercial do Espírito Santo, em Cachoeiro de Santa Leopoldina, atual Município de Santa Leopoldina.

O grande movimento de Cachoeiro de Santa Leopoldina assegurou uma posição social de relevo. Grandes firmas da Europa despachavam seus viajantes diretamente ao Porto de Cachoeiro. Só depois que faziam esta praça é que visitavam Vitória, a Capital, suas festas eram muito concorridas, vinham pessoas até do Rio de Janeiro na época do Carnaval. As ruas ficavam multicoloridas de confetes e serpentinas.

A Cervejaria Van De Kamp criou fama e seus produtos foram remetidos para várias partes do Estado. A fábrica, de porte, se localizava à Rua Porfírio Furtado, onde hoje em seu local está edificada a cadeia pública.
A bebida produzida por ele era muito bem recebida. Fabricava cervejas de alta fermentação, cervejas mais leves, branca, preta e dupla, assim como a célebre gasosa, de muita recordação para os mais antigos moradores do Município.

Com apenas 50 anos de idade, no dia 25 de abril de 1920, um ataque cardíaco o matou e não fosse sua morte prematura Van De Kamp teria se tornado um grande industrial no Espírito Santo. Sua morte interrompeu o sonho de crescimento da fábrica e infelizmente as receitas das cervejas foram enterradas com ele e sua esposa prosseguiu com a administração da cervejaria.
Em 19 de agosto de 1923, o Diário Oficial da União publica a relação oficial dos expositores, do Estado do Espírito Santo, premiados na Exposição Internacional do Centenário da Independencia, onde consta a premiação atribuida à Viúva Norberto Van De Kamp com medalha de bronze, na classe 57, cervejas e gazosas.
  
Apesar dos esforços feitos pelos filhos, para prosseguirem com a fabricação da bebida, nos padrões antigos, sem as receitas de seu pai nada conseguiram e assim, com o decorrer do tempo, a indústria acabou sendo fechada.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cervejaria Amazonense de Miranda Correa & Cia



Baseado nos textos do site e blogs a seguir:
www.novomilenio.inf.br
Blog do Rocha Cervejaria Amazonense de Miranda Correa;
Blog do Coronel Roberto Cervejaria Amazonense - Inauguração

Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior

Em 1903 foi fundada a “casa de schopps” e a fábrica de "Gelo Crystal", pela família de Maximino Corrêa, oriunda do vizinho estado do Pará.
São sócios desta importante firma o sr. Miranda Corrêa e seus irmãos, três dos quais residem no Rio de Janeiro e dois outros no Pará. O chefe da firma é o dr. Antonino Carlos de Miranda Corrêa, nascido no Pará em 1872 e educado no Rio de Janeiro, onde se formou em Engenharia. Em seguida, cursou a Escola Militar, entrando como tenente para o Exército Brasileiro; pouco depois demitiu-se, vindo para Manaus, em 1896.

Estabelecida a Fábrica de Gelo, que em breve se tornou uma empresa rendosa. O gelo, que fora o produto básico vendido pelos irmãos Corrêa, a partir de 1905 deu partida ao elevado desempenho da firma Miranda Corrêa.
A Cervejaria Miranda Correa foi idealizada por Antonino, que em 1909, foi à Europa onde visitou as principais cervejarias e trouxe da Alemanha todo o maquinário e também dois técnicos especializados voltando a Manaus deu início ao projeto da grande empresa.

Instalada em Manaus em 6 de setembro de 1909 teve autorizada sua montagem por lei número 595. Em 20 de fevereiro de 1910, às nove horas da manhã, foi lançada a pedra fundamental da Fábrica Amazonense de Cerveja e Gelo de Miranda Corrêa e Cia, à margem esquerda do igarapé da Cachoeira Grande, em Manaus, Amazonas, sendo seu fundador Antonino Carlos de Miranda Corrêa.

Por se inserir em um período muito conturbado da história mundial e regional, a região sofre, neste momento, os primeiros indícios de uma eminente e possível crise na produção gomífera e a diminuição dos recursos que transformaram uma pequena vila em uma das cidades mais bonitas e modernas de sua época. Nesse contexto, surge a implantação da Cervejaria Amazonense Miranda Corrêa.

Em 12 de outubro de 1912,foi inaugurada a primeira cervejaria em Manaus, a Cervejaria Amazonense pela família Miranda Corrêa composta pelos irmãos Luís Maximino e Antonino Carlos (engenheiros), Altino Flávio (almirante) e Deocleto Clarivaldo (médico). Quando inaugurada, a fábrica serviu para a produção da cerveja XPTO e produtos afins, além de continuar com a fabricação de gelo cristal.

A cervejaria, com todo o seu aparato técnico de última geração impressionava até os mais pessimistas dos pessimistas. A maioria das pessoas não acreditava ser possível um empreendimento daquela magnitude.


No período de 1910 a 1920, o mundo passava por grandes transformações. A cidade de Manaus vivia o período que ficou conhecido por “Belle Epoque”, a sua década de ouro, com esplendor das mais importantes personalidades artísticas vindas para se apresentarem no teatro Amazonas. É claro que tal dinamismo e mecenato tinha que ter o dedo do Dr. Luiz Maximino de Miranda Corrêa, de personalidade marcante, era um homem que estava muitos anos à frente de seu tempo. Por uma questão muito peculiar, ele era um verdadeiro estrategista e profundo observador dos destinos desta terra.

Em 1914, Maximino de Miranda Correa, proprietário da Cervejaria Miranda Corrêa, fabricante da cerveja XPTO, e da Casa de “Schopps” (ortografia da época) localizada na Eduardo Ribeiro do cinema, compra o prédio do cinema Odeon, ao lado, e o fecha para reformas. Sua reabertura ocorre a 3 de maio, agora com programação da Agência Geral Cinematográfica. Em dezembro de 1914, o Odeon é arrendado para a empresa Fontenelle.

Os deslevos com a produção, levou a família a "importar" um edifício projetado na França, no estilo de um castelo bávaro para servir de fábrica, o qual ainda existe no bairro de Aparecida, localizado à margem do igarapé de São Raimundo. O local era bastante privilegiado, além da água em abundância, permitia uma visão panorâmica da cidade de Manaus.

Um edifício notável com seis andares e uma torre artística, a altura do edifício, desde o solo até o alto da torre, é de 160 pés. No interior, a torre é servida por um elevador elétrico (o primeiro instalado em manaus) de duas toneladas de capacidade e por um escada de caracol com 200 degraus. O edifício fica situado na margem do rio, no ponto terminal da linha de tramways elétricos do Plano Inclinado. No pavimento térreo fica situada a seção de despachos, em como os depósitos e salas de lavagem de garrafas e empacotamento. O primeiro e segundo andares são reservados ao tratamento final da cerveja, que a eles desce por um sistema não excedido em nenhum outro estabelecimento similar da América do Sul.

A cervejaria tem uma capacidade de produção de cinco milhões de litros. Os tubos serpentinas para o resfriamento são trazidos por quatro câmaras frigoríficas, cujas paredes são interiormente acolchoadas com cortiça e revestidas de acabamento em jaspe. O terceiro andar é o depósito para a fermentação, e aí ficam as retortas de fermentação, que distribuem o produto os andares inferiores por meio da força de gravidade. Esta seção está dividida em dois compartimentos - inferior e superior - de fino acabamento e decoração artística.

No quarto andar ficam o laboratório químico e escritório técnico. O quinto andar é reservado para armazenagem e tratamento da cevada, que a ele chega depois de ter passado pelo limpador no andar superior; aí fica também situada uma grande retorta para o lúpulo e o fermento. No sexto andar, fica o depósito de cevada, e aí está também instalado o engenhoso dispositivo para limpar a cevada e livrá-la das matérias estranhas que se lhe tenham juntado.

Tanto a cobertura como as paredes são todas à prova de fogo, sendo o vapor e água fria, para fins de manufatura e outros usos, supridos ao andar superior. Em cima do poço do elevador estão instalados dois tanques para água, com capacidade para 50.000 litros cada um. Do alto da torre se descortina uma esplêndida vista da cidade e do porto. A eletricidade para a luz e força motriz é produzida na usina geradora, situada ao lado do edifício principal.

A cevada e o lúpulo são importados da Alemanha e a água usada passa, previamente, por uma filtração completa, depois de ser retirada do rio. Ao lado da cervejaria fica situada a fábrica de gelo, a primeira estabelecida em Manaus; o seu maquinismo é movido por um motor de 500 hp, ao qual fornece o vapor uma enorme caldeira, tipo Lancashire. A instalação é americana e tem capacidade para produzir 40 toneladas de gelo diariamente, o qual é entregue duas vezes por dia à freguesia espalhada por toda a cidade e vendido por um preço que o torna de consumo geral na cidade.
Trabalham nesta fábrica cerca de 20 homens, havendo também um caminhão com 30 hp e vários carros automóveis e outros de tração animal, para o serviço de distribuição.

Com o início da produção de cerveja e chope em barris, que faria fama entre os manauenses. A XPTO sobreviveu aos seus criadores, continuando a ser fabricada por mais de 50 anos. Ganharam o mundo, pois eram servidas nos navios que saiam de Manaus rumo à Europa. XPTO, que a primeira vista é uma sigla, na realidade é abreviatura do nome de Cristo em grego (Christós: X (qui), P (ró), T (tau) e O (omicron). O historiador Antonio Loureiro, descobriu que XPTO é uma gíria usada em Portugal desde o século 20 e falada até hoje e significa “OK, é o máximo”. A tampinha que fechava a garrafa tinha desenhado o mapa do Amazonas e seus rios, circundado pela inscrição Cervejaria Miranda Corrêa. O rótulo apresentava uma águia entrelaçada com o nome XPTO. Uma cópia de um anúncio visto na Times Square, em Nova York, por Antonino quando esteve lá.

Bolacha de chope - anos 50


A empresa subsistiu por mais de meio século, apesar do definhamento da economia amazonense. Serviu aos lares e aos bares por décadas, até ser atingida pelos concorrentes e pelo desenvolvimento da capital amazonense.

A expansão do comércio com a instalação da Zona Franca de Manaus, a partir de 1967, levou a fabricante da cerveja XPTO a mudar de proprietário.

Em 1970, a empresa J. Macedo, com sede em Fortaleza - CE, comprou o controle acionário da Cervejaria Miranda Corrêa.

Em 1972, a J. Macedo, através de convênio começou a fabricar a cerveja Brahma, e com novos e modernos equipamentos aumentaram a produção, a XPTO deixou de ser fabricada, talvez não vissem sentido em produzir duas marcas de cervejas ou mesmo a Brahma não permitisse que eles produzissem outra.

Durou pouco a presença dessa empresa. Logo depois, passou ao gerenciamento da Brahma, então de conceito nacional, que construiu uma nova fábrica no mesmo local, abandonando o castelo.

Com a fusão da Brahma e Antarctica, as instalações foram novamente comercializadas, passando a pertencer à cervejaria Kaiser.

sábado, 20 de agosto de 2011

Emilio Kirst / Albano Kirst & Cia. / Kirst & Cia. Ltda. / Bebidas Fruki Ltda. / Bebidas Fruki S.A.



Baseado nos textos:
Homenagem aos 80 anos da Fruki
PROJETO DE LEI CM Nº 087 - 02/2010 - justificativa
E no site da empresa:www.fruki.com.br
Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior

Em 1846, o agricultor Adam Kirst partia com mulher Elisabeth e filhos da pequena aldeia de Hochscheid, onde morava, na região de Hunsrück, sudoeste da Alemanha, para uma viagem de 70 dias com destino às terras brasileiras. Um de seus filhos que aqui chegou com a idade de seis anos, Peter Kirst, casou-se com Phillipina Bloss, também foi agricultor e trouxe, com muito trabalho, uma riqueza que poderia deixar um futuro seguro para ele e sua família. Seu filho Emilio Kirst, neto de Adam, nascido em 4 de outubro de 1880 em Montenegro, duas gerações depois levaria à criação de uma das mais importantes empresas de bebidas do sul do país.


Em 29 de abril de 1924, Emílio Kirst e seus filhos Albano, Bruno e Walter instalaram a Cervejaria Bella Vista, uma pequena fábrica de refrigerantes e cervejas no Bairro Bella Vista, em Arroio do Meio, município de Lajeado, no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul.


No início da fabricação das bebidas todo o processo era realizado manualmente e era produzido cerca de 200 garrafas por dia.

Em 1927, a família Kirst ampliou a indústria, adquirindo a cervejaria de Alfredo Bender, de Arroio do Meio. A partir daquele momento, passou a produzir a cerveja “Bella Vista”.

No final da década de 20, Kirst viu a necessidade de reestruturar a empresa e viu no filho Bruno este alicerce, este se empregou na fábrica de bebidas de Luiz Gerhardt, na localidade de Corvo, município de Estrela, para conhecer e aprender sobre a fabricação de refrigerantes e outras bebidas. Algum tempo depois, de volta a Kirst, em 1930, começou a fabricar licores e aperitivos, xaropes, vinagres, cachaça de alambique, Fernet, batidas e outros, depois da compra da empresa de Edmundo Rodner, de Arroio do Meio, que fabricava esses produtos, aumentando ainda mais a gama de itens.


Theobaldo Eggers nasceu no dia 12 de dezembro de 1911 na localidade de Arroio Grande, atual município de Paverama, o último dos dez filhos de Frederico e Christina Eggers.

Em 1932, Theobaldo Eggers ingressou como funcionário na fábrica de cerveja e refrigerante de Albano Kirst & Cia, em Canabarro.

Em 12 de agosto de 1933 casou com Elma Kirst, irmã do proprietário da empresa e filha de Emílio e Olinda Kirst. Ainda em 1933, deixou a fábrica de cerveja e estabeleceu-se em Picada Boa Vista, município de Estrela, onde abriu uma casa comercial de secos e molhados.

Em 1935, era firmado o contrato com a razão social de Kirst & Cia. Ltda. A fábrica, produzia cervejas, refrigerantes, vinagres e aperitivos com a marca Bella Vista.

Em 1937, Theobaldo, a convite de seu pai, vendeu a casa comercial e assumiu a propriedade agrícola da família, em Paverama. Dedicou-se ao plantio da mandioca e instalou uma atafona para fabricação de farinha de mandioca e polvilho.

Com o falecimento de seu sogro, Emílio Kirst em 1941, proprietário da fábrica de bebidas Kirst & Cia Ltda, Theobaldo foi convidado pelo seus cunhados, Bruno e Walter Kirst, para ingressar como sócio da empresa em 1945. E o novo sócio e caixeiro-viajante passou a vender os produtos, percorrendo o interior da região, de freguês em freguês, no lombo de um burro.

Em 1949 o empresário Arno Vontobel procurou a empresa em busca de sócios para a produção do refrigerante Laranjinha, para isso foi fundada uma empresa em Porto Alegre, a Refrigerantes do Sul, dirigida por Walter Kirst e Omar Vontobel, irmão de Arno, porém após 10 anos, em 1959, teve de fechar as portas e a Laranjinha voltou a ser produzida pela Kirst & Cia. Ltda. até 1970.

Em 14 de agosto de 1959, Walter se desligou da empresa e Nelson Eggers, filho de Teobaldo, completou o quadro societário.

Com a necessidade de modernização em 1962 iniciou a busca por um novo endereço que proporcionasse uma localização estratégica para melhor distribuição do produto. A promessa de abertura da rodovia BR 386, conhecida então como “Estrada da Produção” e que seria uma das vias mais importantes de escoamento da produção gaúcha, levou a empresa a adquirir uma área de terras junto à mesma, para a construção de uma nova e moderna fábrica, em Lajeado. Iniciando a construção da fábrica em 1969.

Com a a transferência da fábrica e a sua inauguração em 2 de outubro de 1971, a Kirst & Cia. Ltda. lançou a linha de refrigerantes Fruki. O novo produto incorporado à linha da antes pequena indústria, quase artesanal e pouco conhecida, foi a alavanca que impulsionou a empresa para a conquista do mercado gaúcho.
A partir daí deu-se inicio a história do sucesso da Fruki. Em 1974 adquiriu modernos equipamentos industriais.

Na década de 90, os permanentes investimentos no aperfeiçoamento de suas instalações industriais e na modernização de suas linhas de produção, levaram a Fruki a ser reconhecida como um exemplo para todo o setor de refrigerantes.

Em 1992 lançou os refrigerantes Fruki em embalagens PET de 2 litros.

Em 1996 a Razão Social foi alterada, passando a adotar o nome de Bebidas Fruki Ltda.

Theobaldo Eggers foi Diretor da empresa e trabalhou na área administrativa até novembro de 1998, aos 87 anos quando foi hospitalizado em virtude sérios problemas respiratórios relacionados à sua idade avançada. Veio a falecer no dia 04 de janeiro de 1999 deixando a esposa Elma Eggers, os filhos Ilse Eggers Wagner, Nelson Eggers e Vanda Eggers Fetter, netos e bisnetos, sócios e amigos, além de 200 funcionários admiradores de seu trabalho.

Em 2004 a Bebidas Fruki Ltda é transformada em Bebidas Fruki S.A.

Atualmente a empresa é a maior indústria regional de refrigerantes do Rio Grande do Sul, com capacidade anual de 300 milhões de litros de bebidas atingindo 12% do mercado de refrigerantes, 15% do mercado de água mineral e 35% do mercado de repositor energético no Estado.