Texto e imagens retirados do Jornal AMA Bigorrilho - Curitiba - PR/Denize Ernlund Metynoski
Ernesto Bengtsson, imigrante sueco, após seu casamento com Krestruna natural da Islândia, fixou residência em Guajuvira, PR e ali nasceram seus quatro filhos: Anna, Carlos, Emma Ernestina e Amália.
Em Guajuvira, Ernesto tinha uma fábrica de barricas de madeira, naquela época havia uma grande demanda de barricas para embalar produtos comercializados e até exportados, principalmente erva-mate. Foi como fornecedor de barricas que ele travou conhecimento com o então proprietário de uma cervejaria e quando este decidiu vender a cervejaria e a área onde estava instalada, Ernesto decidiu comprar e mudar-se para Curitiba para onde Anna, já casada com João Pedro Jonsson Kronland,havia se mudado.
Em 1901, Ernesto e João Pedro adquiriram a área de cerca de 78.000 metros quadrados, onde já havia duas casas, ali passaram a residir, também havia a pequena fábrica de cerveja. Pretendendo se dedicar à fabricação de cerveja Ernesto e Kronland contrataram um engenheiro para fazer o projeto do prédio, com a parte residencial ocupando toda a frente da construção e instalações para a fábrica nos fundos, essa construção ficava no Bairro do Batel, na Rua Francisco Rocha na altura da Rua Guttemberg.
Com o maquinário importado da Europa, foi constituída a firma Ernesto Bengtsson & Cia. - Cervejaria Providência, que passou a ter como sócios majoritários Ernesto e seu genro Kronland e como sócios minoritários os filhos: Carlos, Emma Ernestina e Amália.
Ernesto auxiliado por seu filho Carlos era responsável pela parte industrial e comercial e Kronland responsável pela administrativa. No início a cervejaria somente produzia uma cerveja escura engarrafada com o nome Cerveja Providência.
De 30 de abril a 1º de dezembro de 1904 a Cervejaria Providência participou da Exposição Internacional de St. Louis (Louisiana Purchase Exposition St. Louis – 1904) recebendo medalha de bronze por suas cervejas.
Em 16 de março de 1907 foi publicado no Diário Oficial da União o deferimento do requerimento que Ernesto Bengtsson & Cia. fez para pagamento do depósito da marca Olho que distingue suas cervejas e bebidas alcoólicas, marca registrada na Junta Comercial do Paraná.
Entre 1907 e 1909, a família adquiriu da Baronesa de Serro Azul uma outra área, no bairro do Bigorilho, limítrofe do Batel, e também foram adquirindo vários lotes de pequenos proprietários perfazendo 42.900m quadrados, entre a Campina do Siqueira e a área adquirida em 1901. Essa nova área agregada que passou a se chamar Chácara da Providência, tinha uma nascente e um riacho que foi represado formando um lago.
Nessa época Curitiba tinha poucas opções de lazer para as famílias, Ernesto mandou preparar uma área dentro da Chácara da Providência com mesas para piquenique em meio à mata nativa.
O parque Recreio da Providência, como ficou conhecida a área preparada, atraía muitas pessoas nos finais de semana. Era um dos melhores pontos de encontro dos curitibanos na época.
Em 1910 uma banda foi contratada para animar o Parque, tocando em um grande pavilhão aberto e muitos músicos amadores ali tocaram.
O Recreio estendia-se da avenida batel até a Rua Saldanha Marinho, ficando dentro de sua área o local onde mais tarde foi instalada a sede campestre da sociedade União Juventus. A entrada do Recreio Providência era um grande portão sob um arco localizada na Avenida Batel, exatamente em frente onde hoje é a Praça do Batel.
A linha do bonde passava pela Av. Batel bem em frente ao portal do Parque da Providência, o arco do portal continha os dizeres "Entrada do Recreio da Providência". Ainda hoje é possível ver antigos cedros e pinheiros do Recreio nessa região. Nos finais de ano era no Recreio Providência que os funcionários das grandes empresas reuniam-se para as comemorações. Aos domingos e feriados, no coreto uma banda animava o público até às 22 horas.
A Cervejaria Providência foi ampliada e a cerveja ali produzida passou a ser muito apreciada entre os curitibanos. Cerveja de alta qualidade, a Providência chegou até mesmo a ser premiada em 1911, na Exposição internacional Turim-Roma.
Em 1912, Emma Ernestina casou-se com João Elijan Bentham Ernlund.
Na chácara providência, como era chamada, nasceram os filhos de João Elijan e Emma Ernestina: Oscar (nascido em 30/08/1913), Ellen, Elvira (falecida aos quatro anos), Waldemar (falecido aos oito anos), Ewald, Gerda, Hjalmar e João Reinaldo.
Oscar Edvin Villiam Ernlund, ainda muito jovem, também participou das atividades da cervejaria de sua família, onde trabalhou como perito contador.
A partir de 1915, passou a fabricar três tipos de cervejas: a Providência escura, a Pilsen e a Sueca Especial.
A Cervejaria Providencia foi a primeira cervejaria do sul do Brasil a exportar seus produtos para países da América do Sul.
Em janeiro de 1919, João Elijan Ernlund, genro de Ernesto Bengtsson, entrou como sócio minoritário da Cervejaria Providência, passando a trabalhar na parte industrial da empresa.
Da mesma forma que havia sido premiada anteriormente em duas exposições, foi também premiada nas Exposições: do Centenário do Brasil, no Rio de Janeiro (1922), Gotemburgo (1923), Estocolmo (1930) e Centenário Farroupilha (1935). E os seus rótulos passaram a divulgar as imagens das premiações recebidas.
Em 1930, seu genro e sócio João Pedro Jonsson Kronland vendeu sua parte nas terras e na fábrica para Ernesto Bengtsson que passou a ser o único proprietário.
Balcão e estoque de atendimento ao público.
Em 20 de julho de 1935 sob os números 37994 e 37995 foram feitas renovações de registro das cervejas Providencia Escura e Sueca Especial.
Com a morte de Carlos Bengtsson, em 1940, João Elijan assumiu totalmente a parte industrial da cervejaria. E como os herdeiros não se entendiam a fábrica acabou sendo vendida em 1945.
Os novos proprietários ainda mantiveram a fabricação de cerveja por poucos anos, mas nos anos seguintes migraram as instalações para a fabricação de produtos plásticos mantendo, entretanto, o nome Providência.
Em Guajuvira, Ernesto tinha uma fábrica de barricas de madeira, naquela época havia uma grande demanda de barricas para embalar produtos comercializados e até exportados, principalmente erva-mate. Foi como fornecedor de barricas que ele travou conhecimento com o então proprietário de uma cervejaria e quando este decidiu vender a cervejaria e a área onde estava instalada, Ernesto decidiu comprar e mudar-se para Curitiba para onde Anna, já casada com João Pedro Jonsson Kronland,havia se mudado.
Em 1901, Ernesto e João Pedro adquiriram a área de cerca de 78.000 metros quadrados, onde já havia duas casas, ali passaram a residir, também havia a pequena fábrica de cerveja. Pretendendo se dedicar à fabricação de cerveja Ernesto e Kronland contrataram um engenheiro para fazer o projeto do prédio, com a parte residencial ocupando toda a frente da construção e instalações para a fábrica nos fundos, essa construção ficava no Bairro do Batel, na Rua Francisco Rocha na altura da Rua Guttemberg.
Com o maquinário importado da Europa, foi constituída a firma Ernesto Bengtsson & Cia. - Cervejaria Providência, que passou a ter como sócios majoritários Ernesto e seu genro Kronland e como sócios minoritários os filhos: Carlos, Emma Ernestina e Amália.
Ernesto auxiliado por seu filho Carlos era responsável pela parte industrial e comercial e Kronland responsável pela administrativa. No início a cervejaria somente produzia uma cerveja escura engarrafada com o nome Cerveja Providência.
De 30 de abril a 1º de dezembro de 1904 a Cervejaria Providência participou da Exposição Internacional de St. Louis (Louisiana Purchase Exposition St. Louis – 1904) recebendo medalha de bronze por suas cervejas.
Em 16 de março de 1907 foi publicado no Diário Oficial da União o deferimento do requerimento que Ernesto Bengtsson & Cia. fez para pagamento do depósito da marca Olho que distingue suas cervejas e bebidas alcoólicas, marca registrada na Junta Comercial do Paraná.
Entre 1907 e 1909, a família adquiriu da Baronesa de Serro Azul uma outra área, no bairro do Bigorilho, limítrofe do Batel, e também foram adquirindo vários lotes de pequenos proprietários perfazendo 42.900m quadrados, entre a Campina do Siqueira e a área adquirida em 1901. Essa nova área agregada que passou a se chamar Chácara da Providência, tinha uma nascente e um riacho que foi represado formando um lago.
Nessa época Curitiba tinha poucas opções de lazer para as famílias, Ernesto mandou preparar uma área dentro da Chácara da Providência com mesas para piquenique em meio à mata nativa.
O parque Recreio da Providência, como ficou conhecida a área preparada, atraía muitas pessoas nos finais de semana. Era um dos melhores pontos de encontro dos curitibanos na época.
Em 1910 uma banda foi contratada para animar o Parque, tocando em um grande pavilhão aberto e muitos músicos amadores ali tocaram.
O Recreio estendia-se da avenida batel até a Rua Saldanha Marinho, ficando dentro de sua área o local onde mais tarde foi instalada a sede campestre da sociedade União Juventus. A entrada do Recreio Providência era um grande portão sob um arco localizada na Avenida Batel, exatamente em frente onde hoje é a Praça do Batel.
A linha do bonde passava pela Av. Batel bem em frente ao portal do Parque da Providência, o arco do portal continha os dizeres "Entrada do Recreio da Providência". Ainda hoje é possível ver antigos cedros e pinheiros do Recreio nessa região. Nos finais de ano era no Recreio Providência que os funcionários das grandes empresas reuniam-se para as comemorações. Aos domingos e feriados, no coreto uma banda animava o público até às 22 horas.
A Cervejaria Providência foi ampliada e a cerveja ali produzida passou a ser muito apreciada entre os curitibanos. Cerveja de alta qualidade, a Providência chegou até mesmo a ser premiada em 1911, na Exposição internacional Turim-Roma.
Em 1912, Emma Ernestina casou-se com João Elijan Bentham Ernlund.
Na chácara providência, como era chamada, nasceram os filhos de João Elijan e Emma Ernestina: Oscar (nascido em 30/08/1913), Ellen, Elvira (falecida aos quatro anos), Waldemar (falecido aos oito anos), Ewald, Gerda, Hjalmar e João Reinaldo.
Oscar Edvin Villiam Ernlund, ainda muito jovem, também participou das atividades da cervejaria de sua família, onde trabalhou como perito contador.
A partir de 1915, passou a fabricar três tipos de cervejas: a Providência escura, a Pilsen e a Sueca Especial.
A Cervejaria Providencia foi a primeira cervejaria do sul do Brasil a exportar seus produtos para países da América do Sul.
Em janeiro de 1919, João Elijan Ernlund, genro de Ernesto Bengtsson, entrou como sócio minoritário da Cervejaria Providência, passando a trabalhar na parte industrial da empresa.
Da mesma forma que havia sido premiada anteriormente em duas exposições, foi também premiada nas Exposições: do Centenário do Brasil, no Rio de Janeiro (1922), Gotemburgo (1923), Estocolmo (1930) e Centenário Farroupilha (1935). E os seus rótulos passaram a divulgar as imagens das premiações recebidas.
Em 1930, seu genro e sócio João Pedro Jonsson Kronland vendeu sua parte nas terras e na fábrica para Ernesto Bengtsson que passou a ser o único proprietário.
Balcão e estoque de atendimento ao público.
Com a morte de Carlos Bengtsson, em 1940, João Elijan assumiu totalmente a parte industrial da cervejaria. E como os herdeiros não se entendiam a fábrica acabou sendo vendida em 1945.
Os novos proprietários ainda mantiveram a fabricação de cerveja por poucos anos, mas nos anos seguintes migraram as instalações para a fabricação de produtos plásticos mantendo, entretanto, o nome Providência.
17 comentários:
Parabéns pelo blog! Ele é de grande importãncia para nossa cultura cervejeira. Abraço. Felipe
Adorei ver a matéria que escrevi sobre a Providência e meu bisavô Ernesto Bengtsson. [E preciso manter nossa memória e nossa história. `Parabéns pelo blog. Denize
Meu avo era carlos ernesto bengtsson e minha avo ema bengtsson.Sou filho de sigurd waldemar bengtsson.será que somos parentes?cordiais saudações.Sou lauro.
o
Adorei ver que minha descendencia é Sueca...gostei muito da historia...
Sim, nós somos parentes. Emma (Suckow) Bengtsson era casada com Carlos Gustavo Bengtsson, meu tio-avô e um dos filhos de Ernesto Bengtsson. Faça contato e vamos trocar idéias sobre a família. Tenho muita informação. Meu email é ddelund@gmail.com
Denize, meus parabéns pelo blog. Tenho uma tia-avó (ainda viva e lúcida) que trabalhou na cervejaria Providência. Ela morava quase em frente (na rua Carmelo Rangel) e conta várias histórias do lugar, como de uma sala (acho que num andar de cima) com uma mesa grande onde eram colocados os rótulos nas garrafas e selos sobre as tampinhas, e ainda se recorda do espaço onde eram armazenados os toneis de cerveja. Sem dúvida uma viagem no tempo.
Abraços, Fernanda Nogas
Fernanda Nogas... sua tia-avó morava numa casinha de madeira na Rua Carmelo Rangel, quase em frente a Cervejaria?
Meu sogro tem algumas das tampinhas das cervejas! Foram achadas durante a escavação para a construção da casa onde ele morou, que fica exatamente onde foi a Cervejaria... inclusive ainda preserva a caixa d`'agua! :)
Anna Paula Giacomitti Jarenko (jarenko@terra.com.br)
Muito legal essa história!
Obrigada pelos comentários. Estou escrevendo um livro com a história da cervejaria. Qualquer informação é bem-vinda. Fotos também. Agradeço muito. Meu email está acima e eu estou no facebook.
minha avó comprou a cervejaria providencia!!
Excelente texto! Meu pai trabalhou na Cervejaria Providencia e quando houve a mudança das atividades para a industrialização de plásticos, ele continuou trabalhando lá por mais de 40 anos.
Ele se chama Miguel da Cruz e era conhecido na fábrica como tio Miguel, hoje ele está com 82 anos. Amauri da Cruz(trex0707@msn.com)
conheci o sr. miguel. fui eletrecista na fabrica de plastico em sao jose.a historia diz que ele emprestava a bicicleta pro sr. mila starostik. ir ao banco..
Seu livro certamente será muito bacana, Denize. Muita história ouvi de meus avós Oscar Ernlund e Ema Rosa Klein Ernlund a respeito da Cervejaria. Temos muitas fotos, que estao com meu pai. Importante eternizar a história, registrando em um livro. Abraço, Luciane
Boa tarde ,existem algumas informações,poucas ,de que os Malucelli compraram essa cervejaria . Meu pai me disse lembrar que um Tio de nome Achiles (irmão de meus avós )morou ali para tocar o negócio para a firma dos irmãos ... infelizmente não tenho mais informações desse período pós venda....Se souber agradeço... abraço e fique bem...
Meus avós, da familia Junqueira se estabeleceram próximo à Cervejaria no ano de 1913, onde hoje está o Shopping Patio Batel. Acredito que, quando era criança, conseguia avistar a cervejaria. Gostaria de ter imagens, neste blog não consigo visualizar as fotos.
Boa tarde. Alguém saberia me informar de onde foi retirar as imagens e informações da história? digo o acervo original?
Olá Anna, isso mesmo! Morava nessa casinha de madeira na Rua Carmelo Rangel, nº 25. Pena que só vi sua mensagem agora. Você tem fotos dessas tampinhas? :) fernanda_nogas@yahoo.com.br
Meu avô veio do interior da Bahia, e seu primeiro emprego em Curitiba foi na Providência, hoje ele contava novamente a história (Eles gostam de repetir né...rsrs) e pensei em pesquisar para mostrar fotos antigas, tenho certeza que irá se emocionar.
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