Em 1870 chegaram a Pelotas com o objetivo de fundar uma fábrica de cerveja, Carlos (Karl) Ritter, nascido em 21 de janeiro de 1853 na Linha Nova, na época uma colônia (Picada Nova) (esta região pertenceu inicialmente a São Leopoldo, depois a São Sebastião do Caí; mais tarde fez parte de Feliz e hoje é sede de município que integra o Vale do Caí), casado com Augusta Jeanette Kessler e seu primo-irmão Frederico (Friedrich) Jacob Ritter casado com Emma Kratz. Logo a instalaram na Rua 24 de outubro (hoje Tiradentes), sobre a margem do Canal de Santa Bárbara.
Estes dois foram fundadores e proprietários da Cervejaria C. Ritter & Irmão que foi uma das maiores cervejarias do Brasil e também fazem parte das precursoras da cervejaria Continental.
Carlos Ritter era pessoa dedicada ao estudo da natureza e preocupado com a Ecologia, autodidata e dedicado aos negócios da fabricação da cerveja. Frederico era o técnico da Cervejaria, tendo obtido conhecimento em seu longo estágio na Alemanha. Ele fiscalizava a fabricação da cerveja, durante o dia e também em alguns momentos da noite, para controle da fermentação.
Mais tarde, em 1876, transferem a fábrica para a Rua Marechal Floriano no encontro com a Marquês de Caxias (atual Santos Dumont), em frente à popular "Praça do Pavão" (Cipriano Barcelos).
A Cervejaria Ritter montou a primeira fábrica de gelo em Pelotas, bem como a primeira usina elétrica da cidade. Fornecia gelo a população e a Santa Casa.
Em 1881, houve a primeira exposição teuto-brasileira, em Porto Alegre, onde se apresentaram as primícias da produção das colônias alemãs no Rio Grande do Sul, e lá já estava Pelotas. Pelotas representada pela Cervejaria Ritter com suas afamadas cervejas.
Em 1889, Leopold Haertel, descendente de alemães nascido em Porto Alegre, estabelece em Pelotas a Cervejaria Rio-grandense, contando com a sociedade de Carlos Ritter.
Na virada do século a cervejaria produzia 4,5 milhões de garrafas por ano, tendo obtido prêmios internacionais, cuja qualidade era garantida pela importação de equipamentos e técnicos alemães. Eram produzidas pela Cervejaria Ritter, entre o final do século XIX e início do XX, as cervejas Pelotense, Pilsen, Royal, Ritter Brau Preta e Maerzen-Bier, além da água mineral Apollo, da Gazoza Limonada Celeste e do Guaraná Ritter como informam as diversas propagandas publicadas nas revistas.
Seus porões são os mais impressionantes do subsolo de Pelotas, ocupavam a quadra toda e eram usados para estoque e fermentação da cerveja produzida na fábrica.
Em 1901, Carlos Ritter viajou para São Paulo para localizar e fazer contato com seu sobrinho Frederico Augusto, filho de Henrique Ritter, para oferecer todas as condições para estudar e aprender o ofício de mestre cervejeiro na Europa.
De 30 de abril até 1º de dezembro de 1904, teve lugar a "Louisiana Purchase Exposition" (Exposição Internacional de St. Louis) em Saint Louis, Missouri, Estados Unidos da América, na qual a C. Ritter & Irmão, participou e sua cerveja recebeu como prêmio a medalha de prata.
Em 1911, o polo cervejeiro pelotense alcança a produção anual de 6 milhões de garrafas, além de gelo e gasosas, chegando a empregar 250 operários.
Entre 1908 e 1913, Carlos Ritter mandou construir sua nova residência, um grande sobrado em meio a um gigantesco jardim romântico, na Av. Duque de Caxias, dando-lhe o nome de Villa Augusta (homenagem à sua esposa). Edifício de dois pavimentos, porão habitável e sotéia, construído com grande requinte.
Em 1913 falece Frederico Jacob Ritter. Em função do falecimento é alterado o contrato social passando a Na década de 10 ou 20, os maços de cigarros traziam algumas séries de figurinhas com propagandas em fotos ousadas para a época e entre as diversas propagandas haviam as da Cervejaria Ritter, abaixo, algumas delas:
No entanto a grande herança que o proprietário da cervejaria Ritter & Irmão deixou para a cidade não foi a bebida, mas sim a curiosa coleção de insetos, considerada pelos cientistas como a maior do Brasil. Apaixonado pela fauna brasileira, Carlos Ritter dedicava todo seu tempo livre a coletar e classificar os insetos. Em alguns casos não se contentou apenas em guardá-los nos tradicionais estojos e utilizando-os como matéria-prima para colagens e montagens artísticas.
Uma delas foi dada como presente à princesa Isabel, quando de sua passagem por Pelotas em 1885. Em outro quadro, o naturalista reproduziu com exatidão a fachada da segunda sede da cervejaria da família, enquanto em um terceiro, feito em 1890, exaltou a saudade da pátria de seus pais com os dizeres Deutsche Reich - Eine Gkeit Macht Stark ou Império Alemão - A união faz a força.
Quando Carlos Ritter morreu em 1926, sua família doou a coleção à Faculdade de Agronomia. Em 1970 foi criado o museu natural para onde foi levado o acervo, que recebeu seu nome.
A residência foi vendida ao município, em 1928, e passou a abrigar o Instituto de Higiene Borges de Medeiros. Em 1958 a propriedade foi doada à futura faculdade de Medicina de Pelotas, fundada no ano seguinte e definitivamente instalada em 1963.
Em julho de 1924, a cervejaria da família Ritter já havia passado a fazer parte do Consórcio Continental, formado quando as firmas Bopp Irmãos (sucessores de Carlos Bopp), Bernardo Sassen e Filhos (sucessores de Guilherme Becker e Bernardo Sassen) e Henrique Ritter e Filhos (sucessores de Henrique Ritter) fundiram-se sob a razão social Bopp, Sassen e Ritter e Cia. Ltda. Surgindo assim um novo estabelecimento comercial, denominado Cervejaria Continental, que se instalou na Rua Cristóvão Colombo, 625.
4 comentários:
Excelente postagem...uma volta ao passado. para um leigo como eu viajei no tempo e após ler seu texto valorizo ainda mais a cultura e a contribuição que nossos antepasados deram a nossa terra. Pena nosso povo não ter preservado esta cultura e não valorizar nosso chão. um abraço
tudo de bom
Carlos
hoje descobri que minha colega de pilates é neta deste senhor.
hoje ela esta com 72 anos.
na proxima aula vou perguntar se ela conhece este site.
muito legal.
alice
Boa noite, gostaria de saber se existe a cervejaria Ritter em Feliz e o contato, obrigada Marisa Ritter.
Carlos Ritter foi meu tataravô, tenho algumas relíquias da cervejaria, tenho um engradado de alumínio, duas figurinhas da Ritter e fotografias antigas.
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