quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cervejaria Ritter 3 – Cervejaria C. Ritter & Irmão




Em 1870 chegaram a Pelotas com o objetivo de fundar uma fábrica de cerveja, Carlos (Karl) Ritter, nascido em 21 de janeiro de 1853 na Linha Nova, na época uma colônia (Picada Nova) (esta região pertenceu inicialmente a São Leopoldo, depois a São Sebastião do Caí; mais tarde fez parte de Feliz e hoje é sede de município que integra o Vale do Caí), casado com Augusta Jeanette Kessler e seu primo-irmão Frederico (Friedrich) Jacob Ritter casado com Emma Kratz. Logo a instalaram na Rua 24 de outubro (hoje Tiradentes), sobre a margem do Canal de Santa Bárbara.

Estes dois foram fundadores e proprietários da Cervejaria C. Ritter & Irmão que foi uma das maiores cervejarias do Brasil e também fazem parte das precursoras da cervejaria Continental.

Carlos Ritter era pessoa dedicada ao estudo da natureza e preocupado com a Ecologia, autodidata e dedicado aos negócios da fabricação da cerveja. Frederico era o técnico da Cervejaria, tendo obtido conhecimento em seu longo estágio na Alemanha. Ele fiscalizava a fabricação da cerveja, durante o dia e também em alguns momentos da noite, para controle da fermentação.

Mais tarde, em 1876, transferem a fábrica para a Rua Marechal Floriano no encontro com a Marquês de Caxias (atual Santos Dumont), em frente à popular "Praça do Pavão" (Cipriano Barcelos).





A Cervejaria Ritter montou a primeira fábrica de gelo em Pelotas, bem como a primeira usina elétrica da cidade. Fornecia gelo a população e a Santa Casa.

Em 1881, houve a primeira exposição teuto-brasileira, em Porto Alegre, onde se apresentaram as primícias da produção das colônias alemãs no Rio Grande do Sul, e lá já estava Pelotas. Pelotas representada pela Cervejaria Ritter com suas afamadas cervejas.

Em 1889, Leopold Haertel, descendente de alemães nascido em Porto Alegre, estabelece em Pelotas a Cervejaria Rio-grandense, contando com a sociedade de Carlos Ritter.





Na virada do século a cervejaria produzia 4,5 milhões de garrafas por ano, tendo obtido prêmios internacionais, cuja qualidade era garantida pela importação de equipamentos e técnicos alemães. Eram produzidas pela Cervejaria Ritter, entre o final do século XIX e início do XX, as cervejas Pelotense, Pilsen, Royal, Ritter Brau Preta e Maerzen-Bier, além da água mineral Apollo, da Gazoza Limonada Celeste e do Guaraná Ritter como informam as diversas propagandas publicadas nas revistas.


Seus porões são os mais impressionantes do subsolo de Pelotas, ocupavam a quadra toda e eram usados para estoque e fermentação da cerveja produzida na fábrica.



imagem: Arquiteta Singoala Miranda (http://www.tuneisdepelotas.xpg.com.br/)


imagens: Bruno Farias (http://www.tuneisdepelotas.xpg.com.br/)

Em 1901, Carlos Ritter viajou para São Paulo para localizar e fazer contato com seu sobrinho Frederico Augusto, filho de Henrique Ritter, para oferecer todas as condições para estudar e aprender o ofício de mestre cervejeiro na Europa.

De 30 de abril até 1º de dezembro de 1904, teve lugar a "Louisiana Purchase Exposition" (Exposição Internacional de St. Louis) em Saint Louis, Missouri, Estados Unidos da América, na qual a C. Ritter & Irmão, participou e sua cerveja recebeu como prêmio a medalha de prata.

Em 1911, o polo cervejeiro pelotense alcança a produção anual de 6 milhões de garrafas, além de gelo e gasosas, chegando a empregar 250 operários.

Entre 1908 e 1913, Carlos Ritter mandou construir sua nova residência, um grande sobrado em meio a um gigantesco jardim romântico, na Av. Duque de Caxias, dando-lhe o nome de Villa Augusta (homenagem à sua esposa). Edifício de dois pavimentos, porão habitável e sotéia, construído com grande requinte.


Em 1913 falece Frederico Jacob Ritter. Em função do falecimento é alterado o contrato social passando a Na década de 10 ou 20, os maços de cigarros traziam algumas séries de figurinhas com propagandas em fotos ousadas para a época e entre as diversas propagandas haviam as da Cervejaria Ritter, abaixo, algumas delas:
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Mais imagens de figurinhas aqui e aqui

No entanto a grande herança que o proprietário da cervejaria Ritter & Irmão deixou para a cidade não foi a bebida, mas sim a curiosa coleção de insetos, considerada pelos cientistas como a maior do Brasil. Apaixonado pela fauna brasileira, Carlos Ritter dedicava todo seu tempo livre a coletar e classificar os insetos. Em alguns casos não se contentou apenas em guardá-los nos tradicionais estojos e utilizando-os como matéria-prima para colagens e montagens artísticas.





Uma delas foi dada como presente à princesa Isabel, quando de sua passagem por Pelotas em 1885. Em outro quadro, o naturalista reproduziu com exatidão a fachada da segunda sede da cervejaria da família, enquanto em um terceiro, feito em 1890, exaltou a saudade da pátria de seus pais com os dizeres Deutsche Reich - Eine Gkeit Macht Stark ou Império Alemão - A união faz a força.

Quando Carlos Ritter morreu em 1926, sua família doou a coleção à Faculdade de Agronomia. Em 1970 foi criado o museu natural para onde foi levado o acervo, que recebeu seu nome.

A residência foi vendida ao município, em 1928, e passou a abrigar o Instituto de Higiene Borges de Medeiros. Em 1958 a propriedade foi doada à futura faculdade de Medicina de Pelotas, fundada no ano seguinte e definitivamente instalada em 1963.


Em julho de 1924, a cervejaria da família Ritter já havia passado a fazer parte do Consórcio Continental, formado quando as firmas Bopp Irmãos (sucessores de Carlos Bopp), Bernardo Sassen e Filhos (sucessores de Guilherme Becker e Bernardo Sassen) e Henrique Ritter e Filhos (sucessores de Henrique Ritter) fundiram-se sob a razão social Bopp, Sassen e Ritter e Cia. Ltda. Surgindo assim um novo estabelecimento comercial, denominado Cervejaria Continental, que se instalou na Rua Cristóvão Colombo, 625.

4 comentários:

Carlos A M C disse...

Excelente postagem...uma volta ao passado. para um leigo como eu viajei no tempo e após ler seu texto valorizo ainda mais a cultura e a contribuição que nossos antepasados deram a nossa terra. Pena nosso povo não ter preservado esta cultura e não valorizar nosso chão. um abraço
tudo de bom

Carlos

Anônimo disse...

hoje descobri que minha colega de pilates é neta deste senhor.
hoje ela esta com 72 anos.
na proxima aula vou perguntar se ela conhece este site.
muito legal.
alice

Unknown disse...

Boa noite, gostaria de saber se existe a cervejaria Ritter em Feliz e o contato, obrigada Marisa Ritter.

Anônimo disse...

Carlos Ritter foi meu tataravô, tenho algumas relíquias da cervejaria, tenho um engradado de alumínio, duas figurinhas da Ritter e fotografias antigas.

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