Em Sant'Ana do Livramento, no Rio Grande do Sul, funcionaram indústrias que utilizaram máquinas com tecnologia de ponta e que possuiam uma organização administrativa excepcional. Dentre essas existiu a Cervejaria Irmãos Gazapina fundada no dia 8 de novembro de 1908 pelos irmãos Vitéllio, Luiz, Carlos, Constant e Jerônimo, filhos do imigrante italiano Giacomo Francesco Gazapina, na recepção de inauguração dessa fábrica, esteve presente o Ministro Plenipotenciário da Itália, comendador Victor Cobianchi.
Seus produtos foram premiados na Exposição de Torino, na Itália, em 1911 e novamente, na Exposição Internacional do Rio de janeiro em 1922.
Logo, Vitéllio compra a parte de seus sócios irmãos na cervejaria, coloca seu nome e esta passa a se chamar Cervejaria Concórdia.
Nas instalações da cervejaria havia fábrica de gelo, tornearia, ferraria e correaria, além das áreas destinadas a produção de cervejas e refrigerantes. Possuia duas caldeiras que forneciam força motriz para as máquinas mais pesadas. No começa das atividades as máquinas eram operadas manualmente, posteriormenta utilizou-se corrente contínua e só mais tarde energia elétrica.
A Cervejaria empregava dezenas de trabalhadores, entre eles muitos imigrantes italianos e espanhóis. Entre os anos 1920 e o final da década de 1960 construiu uma marca reconhecida nos principais mercados de bebidas do Estado e região fronteiriça, a empresa chegou a dominar o mercado de bebidas na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, a qualidade de suas bebidas era o diferencial das outras empresas do setor, as máquinas importadas da Tchecoslováquia e da Alemanha tinham capacidade para engarrafar 7.000 unidades por hora, porém devido a alta qualidade do produto jamais produziram mais de 3.000 garrafas por hora, sua matéria prima era importada, o lúpulo vinha dos EUA e Alemanha, e o malte do Uruguai e Argentina.
Os principais produtos fabricados pela Cervejaria eram: O Chopp em Barril, as Cervejas Gazapina Pilsen, Super - Extra, Santanense e Aurora (claras), Touro e Vacca (escuras), Extrato de Malta sem álcool (tônico), Guaraná, Soda Limão, Soda laranja, laranjada Pina, Água Tônica de Quinino, Água de Mesa e Gelo.
A Cervejaria tinha uma enorme chaminé, na qual estava estampado o ano de sua fundação, feita por Vitéllio Gazapina: 1908. Embutida na chaminé havia uma sirene, cujo som assinalava determinadas horas. Além de marcar certas tarefas internas, o som da sirene informava as horas a população, cuja maioria não possuía relógio. O som da sirene também retumbava, anunciando importantes acontecimentos, eclodidos no pais e no mundo. Assim, no dia 08 de maio de 1945, ela soltou o seu som com toda a sua potência, anunciando o fim da 2ª Guerra Mundial.
O Chope Gazapina em barril de 15 e de 30 litros, cada um com sua bomba aspirante, era obrigatório nas grandes festas realizadas na cidade. No tempo dos grandes carnavais de Livramento, a Fábrica Gazapina recepcionava blocos e cordões em suas dependências, com farta distribuição de chope e cerveja. Tais recepções demonstravam a integração da saudosa empresa com a comunidade e atestavam o seu esplendor e a sua pujança.
Em 1952, essa indústria troca sua razão social para Cervejaria Gazapina S.A.
A Cervejaria Gazapina prestou um outro serviço de cunho social à população, numa época em que os refrigeradores eram importados e, portanto, inacessíveis às pessoas de pouco poder aquisitivo. Ela distribuía gelo para a conservação de alimentos e esfriar bebidas. As barras de gelo eram transportadas em carroças. Tais veículos de tração animal tinham carrocerias, que pareciam câmaras, mantendo a solidez do gelo, o qual era vendido por barra, meia ou um quarto de barra, duas carroças atendiam a cidade.
Em 1958, a Cervejaria Gazapina fez uma reformulação em seus rótulos alterando seu Lay Out e fazendo com ficasse registrado em seus rótulos o seu cinquentenário.
Em 1973, da mesma maneira que fora feita em seu cinquentenário, os seus 65 anos, também foram comemorados em seus rótulos.
A Cervejaria Gazapina encerrou suas atividades em 1975, compelida pelos rumos da economia brasileira que inviabilizou as empresas regionais.
Um comentário:
Depois da pandemia, tinha que voltar o sistema das indústrias regionais para ajudar muita gente que deve ter perdido o emprego.
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