Texto baseado no livro do Pastor Wilhelm Furgmann “Os Alemães no Paraná – Livro do Centenário” e em diversos jornais da época
Apesar de alguns autores citarem Arthur Iwersen como o fundador e administrador da Cervejaria Atlântica no ano de 1901 não há possibilidades da Cervejaria Atlântica ter se originado dessa cervejaria, nem tampouco da cervejaria de Thomaz Iwersen, pai de Arthur, aqui chegado em 1862 e que em 1889 já fabricava cerveja em um estabelecimento na Rua ivahy e que deu origem à Cervejaria Graciosa de Iwersen & Irmão. Essa confusão se originou por ter sido Iwersen diretor da Cervejaria Atlântica na década de 1930.
Em 4 de janeiro de 1912 o periódico Diário da Tarde informa que o senhor Henrique Jens, sócio da fábrica de cerveja Henn & Cia, já fez a aquisição de terrenos pertencentes ao Coronel Joaquim Monteiro, na Rua Igassu, já tendo as plantas aprovadas pela Câmara pretende começar a construção do prédio ainda neste mês. Tendo encomendado as máquinas em outubro do ano passado espera principiar a venda da cerveja no mês de Setembro.
Ainda em 1912 foi criada a firma Henn, Acker & Cia (Karl Henn, Augusto Emilio Acker e outros) que fundou a Fábrica de Cerveja Atlantica, instalada na Rua Iguassu, nº 21 (atual Presidente Vargas), é nesse ano que encontramos a primeira referência desta cervejaria no “Almanach do Paraná” para o ano de 1913. A Cervejaria Atlântica ocupava uma área de 11.000 metros quadrados, com uma construção baseada no estilo medieval, onde foram instaladas máquinas utilizadas, à época, nas maiores cervejarias da Alemanha. Faziam parte ainda do complexo industrial, filtros, aparelhos para pasteurização, máquinas de engarrafamento automático, além de um frigorífico para a refrigeração do porão e para a fabricação de gelo. Além das instalações para a produção de cerveja, outros edifícios tinham equipamentos próprios para a fabricação de limonada, água gaseificada, malte e café de malte. Ainda no mesmo terreno, havia uma fábrica de caixas, uma ferraria, uma carpintaria, uma oficina de marcenaria, um depósito para matéria prima e outro para barris, garagens para os carros de uso da empresa e de particulares, etc.
Já de início a fábrica ofereceu um produto que imediatamente conquistou o mercado. Assim, as outras fábricas locais e as cervejarias do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro cujos produtos eram distribuídos aqui sofreram uma grande concorrência.
É publicado no DOU de 13 de dezembro de 1912 que na sessão de 16 de agosto de 1912 da Junta Comercial do Estado do Paraná, a firma Henn, Acker & Cia, registrou as marcas: Cerveja Atlântica e Cervejaria Atlântica, sob os números 1079 e 1080 e as marcas: Cerveja Ancora, Cerveja Iguaçu e Cerveja Curitybana, sob os números 1094, 1095 e 1096, respectivamente.
Em 14 de julho de 1913, a firma Henn, Acker & Cia, registra na Junta Comercial do Estado do Paraná, as marcas: Cerveja Paranaense e Cerveja Kosmos, sob os números 1110 e 1111, respectivamente.
Em 27 de janeiro de 1913, o periódico Diário da Tarde publica o anúncio da dissolução da firma Henn, Acker & Cia nesta data, bem como a criação da firma Henn & Jens - fábrica de Cerveja Atlântica, formada pelos sócios solidários Karl (Carlos) Henn, Heinrich (Henrique) Jens e suas respectivas esposas Dª Amélia Fell Henn e Dª Vitalina Vasconcellos Jens nos termos do contrato social arquivado na Junta Comercial deste Estado sob o número 1.236. O primeiro foi seu diretor técnico e o segundo dirigia o departamento comercial.
Em 9 de julho de 1914, a Junta Comercial do Estado do Paraná, deferiu o requerimento de Henn & Jens que pede a transferência das marcas de cerveja: Kosmos, Âncora, Curitybana, Atlântica, Paranaense, Iguassú e Cervejaria Atlântica antes pertencentes a Henn, Acker & Cia da qual são sucessores.
Seus principais acionistas são: Carlos Henn, Henrique Jens, Hans Wenauer, Dr. Pamphilo de Assumpção, Augusto Loureiro, Vicente Loyola, Candido José dos Santos, Frederico Jepsen, Guilherme Fischer Júnior.
Em 27 de julho de 1917 foi registrada a marca Cervejaria Atlântica S.A. representada pela figura de uma âncora, sob o nº 1.387 da Junta Comercial do Paraná.
Foto carroça de entregas - 1925
Em 23 de junho de 1929, é publicado no DOU que na sessão de 21 de junho da Junta Comercial do Estado do Paraná, foi deferido o registro da cerveja Imperial Pilsen, sob o número 14.628.
Em 26 de março de 1935, é publicado no DOU, que na sessão de 22 de março, da Junta comercial do Estado do Paraná foi feita a renovação do registro da Cerveja Malta sob o nº. 35.759.
Na assembleia geral de 31 de maio de 1941, foram votadas e aprovadas diversas alterações nos estatutos, e entre elas a modificação do prazo de duração da sociedade para cinquenta anos a partir de 29 de setembro de 1938 e o aumento do capital para Rs 3.400:000$000,00 (três mil e quatrocentos contos de réis) divididos em 17.000 ações comuns, ao portador, no valor nominal de Rs200$000,00 (duzentos mil réis) e que sejam concedidos poderes à diretoria para prosseguir com as providências para a aquisição da Cervejaria Paranaense.
Em 1º de janeiro de 1942, o periódico O Dia publica o anúncio de que em 25 de setembro de 1940, foi levado à termo a dissolução da Cervejaria e em 29 de dezembro de 1941, por escritura pública a Companhia Cervejaria Brahma assumiu o seu ativo e o passivo, adquirindo assim as instalações da tradicional Cervejaria Atlântica, em Curitiba, criando sua filial paranaense que se encontra no mesmo endereço até os dias de hoje.
Um comentário:
Parabéns pela pesquisa valiosa e divulgação . Estive a serviço na Brahma Curitiba em 2000 e não conhecia suas origens , Histórias fantásticas como sempre .
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