quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Fábrica de Cerveja Guilherme Griese / Fábrica de Cerveja e Águas Minerais Marca Estrella



Imagens de Minas - Juiz de Fora – Manchester Mineira.
Luis José Stehling - Juiz de Fora a Companhia União Indústria e os Alemães.

Fundou, então, a Companhia União Indústria, com a emissão de quinhentas ações no valor de Rs. 500$000 cada uma e o problema que se impunha era a infraestrutura humana, fabril e de manutenção. Assim foram contratados técnicos gabaritados para a supervisão dos serviços e pessoal credenciado para atuar nos escritórios.

A Companhia União e Indústria lutava com dificuldades para iniciar a construção da estrada macadamizada, devido a falta de artífices especializados. Por isso resolveu contratá-los na Alemanha e nomeou como seu preposto do Sr. H. F. Eschels, o qual teve todos os poderes para fazer em nome do Diretor Presidente da Companhia União Indústria os contratos dos primeiros artífices nas seguintes especialidades: mecânicos, fundidores, ferreiros, folheiros, ferradores, segeiros, seleiros, carpinteiros, marceneiros, pontoneiros, pedreiros, pintores e oleiros. Foram contratados 1193 imigrantes alemães que com a finalização das obras criaram um núcleo colonial voltado para a produção de gêneros agrícolas que deu origem à Colonia D. Pedro II, hoje atual bairro São Pedro em Juiz de Fora, MG.

No dia 11 de outubro de 1855 foi assinado o contrato com o artífice de seges, Carl Heinrich Julius Griese, que teria como função, toda obra de seu oficio, ou seja, caixas de seges, carruagens, carro de correio, assim como toda obra nos carros de correio e carretos. O contrato tinha duração de dois anos, a partir da sua chegada a Juiz de Fora, cobria todas as despesas de transporte até sua chegada nesta cidade, a empresa oferecia a hospedagem como sua alimentação durante os dois anos. E no caso de suspenção do contrato por parte da empresa ela deveria pagar uma indenização do duplo importe do valor da passagem e despesas para retorno a Alemanha. A remuneração seria de Rs. 2$000 (Dois mil reis) mensais, pagos ao final de cada mês.

Carl Heinrich Julius Griese nasceu em 3 de julho de 1826, na cidade de Preetz, Ducado de Schlswig-Holstein, região que pertenceu à Dinamarca, e posteriormente foi anexada à Alemanha. Filho do ferreiro Frederico Clemente Griese e Cristina Dorotéa Hennitz, foi batizado ao atingir a idade de 20 anos e aboliu o primeiro nome Carl.

No dia 02 de novembro de 1855 partiu a bordo do veleiro “Antilope”, da cidade de Hamburgo, junto com os primeiros imigrantes alemães com destino a Juiz de Fora. Chegaram ao Rio de Janeiro, no dia 28 de dezembro do mesmo ano, depois de 56 dias de viagem, onde pegaram um vapor até porto de Estrela no fundo da Baia da Guanabara. Por terra subiram a serra da Estrela, passaram por Petrópolis, Paraiba do Sul, para finalmente chegarem a Juiz de Fora no dia 07 de janeiro de 1856.

Depois de ter vencido o prazo do contrato com a empresa União Indústria Henrique Julios Griese, continuou a trabalhar como segeiro, por conta própria, montando uma oficina, no morro da Gratidão (atual morro da Gloria), em frente à cervejaria Kremer, e nesta oficina fabricou carros e carroças estilo “Camponês do norte da Alemanha”. Chegou a organizar um serviço de transporte de mercadoria entre Juiz de Fora e Petrópolis.

Pelo fato de ter pertencido a turma de primeiros imigrantes a chegar em Juiz de Fora, prestou muita ajuda aos demais colonos alemães, que vieram posteriormente, principalmente com interprete da língua portuguesa. Com isto tornou-se um dos lideres da colônia alemã em Juiz de Fora, sendo intermediador de muitas desavenças.

Depois de alguns anos já no Brasil, casou-se com Dorotéa Sofia Schröder, também imigrante, nascida na cidade de Holstein, e como seu marido uma cidade que pertencia ao reino da Dinamarca e foi anexada a Alemanha.

Depois que casou largou a função de segeiro para ser comerciante. Comprou da Companhia União e Indústria o prédio da antiga “Estação de Diligencia” onde montou um grande “ EMPORIO”, onde vendia produtos importados da Alemanha, principalmente produtos natalinos, ocupação que exerceu até sua morte em 1917.

Heinrich Julius Henrique e Dorotéa tiveram vários filhos, mas somente seis chegaram a idade adulta, não sei a ordem de nascimento, são eles:
Catarina que casou com um Newbauer, com isto seus descendentes devem ter perdido o sobrenome Griese.
Cristiano que casou com Luiza Krambeck, não teve descendentes.
Cristina que casou com João Krambeck, e como Catarina seus descendentes perderam o nome Griese Cristina teve 3 filhos, Herta, Wille e Erich.
Felipe Sebastião que casou com Olga Maria Cathoud e tiveram 5 filhos, Olga Helena que morreu ainda bebê, Pedro Paulo, Sophia Matilde, Maria Cecilia e Celia.
Carolina que casou com Nunes, seus descendentes perderam o sobrenome Griese
Frederico Guilherme casou-se foi proprietário de uma cervejaria em Juiz de Fora, a Cervejaria Estrela (Fábrica de Cerveja e Águas Minerais Marca Estrella de Guilherme Griese).


As fontes não apontam o ano em que surgiu a Cervejaria Estrella. Sabe-se que era localizada no morro da Gratidão, atual Avenida dos Andradas, e pertenceu à família Griese, em especial a Henrique Julios Griese, chefe da família, ficando depois sob a responsabilidade de seu filho, Guilherme Griese. Mas com certeza já existia em 1896 conforme o demonstra este anúncio publicado no jornal "Correio de Minas" no dia 3 de junho.


Em 1899 o Almanach de Juiz de Fora publicou uma propaganda da Fábrica de Cervejas e Águas Minerais:

Nada se sabe sobre o encerramento desta fábrica, mas tornamos a encontrar referência no ano de 1933 e agora em Belo Horizonte, sobre Guilherme Griese.

Em 1933, o pastor Viktor Schwanner que era pastor em Juiz de Fora resolveu vir a Belo Horizonte para fazer uma visita aos evangélicos alemães para tratar da fundação de uma igreja luterana. Ele passou uns 10 dias fazendo visitas, fez publicar o seguinte convite:
"Aos evangélicos alemães em Bello Horizonte e arredores!.
Na quarta-feira, dia 25 de janeiro de 1933 haverá á noite, ás 7:30 horas, na Igreja Batista, á Avenida Paraoapeba, 1962 (Bonde: Calafate) um culto evangélico, para o qual todos os de fala alemã são convidados cordialmente. A seguir, depois do culto,todos os interessados são convidados para uma reunião na casa do sr. Wilhelm (Guilherme) Griese (Cervejaria União, Rua Juiz de Fora) para deliberar sobre a fundação de uma comunidade evangélica alemã em Bello Horizonte.
Viktor Schwaner – Pastor da Comunidade Evangélica Allemã em Juiz de Fora."

E no dia 25 de janeiro de 1933, às 19:30h, realmente aconteceu o primeiro culto na Igreja Batista do Barro Preto. Umas 70 pessoas estiveram presentes naquele culto. Depois do culto, o pastor Schwanner e umas 40 pessoas foram até a rua Juiz de Fora, para o prédio da Cervejaria União de propriedade do sr. Guilherme Griese e ali aconteceu a Assembleia de fundação da CECLBH. Oficialmente a igreja não começou no culto, mas na cervejaria. A promessa do pastor Schwanner era que a Igreja da Alemanha enviaria um pastor para Belo Horizonte. Depois ele voltou para Juiz de Fora.


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