Baseado em: José Ferreira da Silva – Blumenau em Cadernos Tomo III – nº.9 - setembro de 1960.
Atualizado e/ou confirmado por: Niels Deeke, Brigitte Brandenburg, Henry Henkels e Marcos Schroeder.
Imagens do rótulo e da garrafa gentilmente cedidos por Eliane Hosang (tetraneta de Heinrich hosang).
Em 1858, veio juntar-se aos colonos alemães que construíram, à margem do Garcia, a sede da colônia Blumenau - SC, um imigrante nascido em 29 de março de 1828, natural de Brunswick (Alemanha). Chamava-se Heinrich Hosang (Heinrich Peter Andréas Hosang).
Homem ativo e empreendedor pensou logo na criação de uma indústria de cerveja, de que trouxera prática do velho mundo. E tão logo viu possibilidades de suficiente consumo para a produção prevista, e depois de ter construído sua casa na atual Rua São Paulo (casa que ainda existe) e de ter se casado com Helena Brandes (Helene Friederike Henriette Brandes) nascida em 20 de outubro de 1838, instalou, nos fundos de sua residência, a sua pequena indústria.
Isso se deu em 1860, quando Blumenau contava, apenas, pouco mais de 950 moradores, agrupados em 190 famílias e outras tantas casas de moradia, das quais só umas sessenta mereciam esse nome, pois, as outras, não passavam de ranchos cobertos de palha.
O terreno adquirido por Hosang tinha 150 geiras e custara 450$000 que foram pagos à vista. Não se tendo, no momento de efetuar o pagamento, conhecimento, ainda, do regulamento da colônia (que naquele mesmo ano de 1860 passara para o domínio do governo imperial) e que concedia o desconto de 12% sobre o preço de terras pagas à boca do cofre, Hosang em 1867, requereu lhe fosse devolvida a importância que pagara a mais.
A fábrica de Hosang prosperou. De ano para ano, foi crescendo o consumo da bebida que preparava e que era a preferida no comércio local, visto que a maioria dos moradores era de origem alemã e grandes apreciadores da cerveja.
O casal Heinrich Hosang teve cinco filhos: Elisa, depois casada com Alvin Schrader (que chegou ao posto de superintendente municipal, tendo governado Blumenau por três quatriênios consecutivos); Otto, casado com Clara Odebrecht; Clara, casada com o conde Von Westarp; Francisco, casado com Ana Maschke; e Helena que se casou com Hermann Schossland.
Hosang esteve à frente da sua indústria até quando faleceu em 16 de dezembro de 1888, com 60 anos de idade.
Seus herdeiros ainda guardam um curioso livro de registro de vendas de cerveja, de 1880 a 1881, a comerciantes onde se pode colher dados interessantes: Maurício Holetz, dono de hotel e bar, era grande freguês da cerveja Hosang: cerca de 300 garrafas por mês. Os negócios do Reinhardt, do Fernando Schrader, do Henrique Probst, do Sutter, do W. Scheeffer, do Victor Gaertner, do Paulo Hartmann, do Stein, do Wegener, do Beyer, do Fiedler, do Asseburg, do Rabe, do Schreiber, do Paupitz, do H. Kestner, do H. Hering, do Guilherme Engelke, do Jens Jensen e de muitos outros espalhados pelo interior da colônia, eram outros tantos revendedores importantes.
Depois do falecimento de Heinrich Hosang, a viúva, auxiliada por seu filho Otto, continuou à frente da fábrica, com a mesma eficiência e o mesmo sucesso anterior.
Helena Brandes, esposa de Hosang, quando ainda noiva, trajando elegante indumentária da época.
Por volta de 1889/90, a cervejaria muda de endereço saindo do Garcia para uma transversal da Rua São Paulo (atual Rua Heinrich Hosang).
Otto, nascido em Blumenau em 20 de dezembro de 1873, estudou química em Brunswick (Alemanha) e casou em Blumenau em 20 de agosto de 1896 com Henrica Gustava Clara Odebrecht, nascida em primeiro de junho de 1874, com quem teve 12 filhos (Heinrich, Hedwig, Arthur, Ralf, Ilka, Herald, Curt, Erika, Evelina, Max, Emil, Ingo) e 29 netos.
Até que, em 1898, o filho Franz (Francisco) e o genro, Hermann Schossland, associados, passaram a dirigir a cervejaria, sob a razão social de Schossland & Hosang.
Em 1906, Hermann deixa a sociedade e Francisco assume a responsabilidade social sozinho. Nesse mesmo ano, seu irmão Otto, que tinha regressado recentemente da Alemanha, onde fora estudar, tenta a implementação de uma subsidiária da cervejaria em Itajaí - SC e posteriormente, oficialmente associado ao irmão, transfere a Cervejaria, com o nome de Cervejaria Nacional Otto Hosang, para Aquidaban (antigo distrito de Blumenau e atual município de Apiúna).
Em 1920 Otto Hosang veio com a família fixar residência em Taió, quando foi nomeado primeiro agente do Correio do município. Em 1922 ele muda novamente para Blumenau. Em 1923 voltou com a família para Aquidaban onde se estabeleceu com uma casa de comércio. Foi agente do Correio e Telégrafo e agente da Estação da Estrada de Ferro Santa Catarina naquela localidade.
Infelizmente, a Cervejaria Nacional Otto Hosang deixa de funcionar em 1923, por motivo de doença de Francisco Hosang e por Otto já estar exercendo a função de agente do correio em Taió, sendo vendido todo o acervo, material e maquinaria, à firma Bock de Nova Breslau, atual Presidente Getúlio, onde ainda prestaram serviços por longos anos.
É dessa última época, o rótulo da "Cerveja Victória" que ilustra este trabalho e que custava 300 réis a garrafa. Era, como as demais da época, das chamadas "marca barbante" porque as garrafas, em vez de fechadas com as tampinhas de metal, como atualmente se usa, eram obturadas com rolhas de cortiça. Um fio de barbante, passado sobre as rolhas e amarrado ao gargalo das garrafas, assegurava maior resistência aos efeitos da fermentação da bebida.
Em 1925, Otto Hosang e família vieram morar definitivamente em Taió. Reassumiu a agência do Correio, que esteve entregue desde que se ausentou de Taió, aos cuidados de seu Filho Ralf Hosang. Após a revolução de 1930, quando assumiu o poder Getúlio Vargas, decretou a fusão do Telégrafo aos Correios, e como o telégrafo até aqui esteve sob a agenciação de Estelina Lenzi, ela perdeu o cargo de agente para Otto Hosang, que era funcionário público mais antigo. Por esse motivo Otto Hosang foi nomeado Agente do Correio e Telégrafo de Taió, cujo cargo ele ocupou até sua morte ocorrida em 17 de junho de 1932.
Homem ativo e empreendedor pensou logo na criação de uma indústria de cerveja, de que trouxera prática do velho mundo. E tão logo viu possibilidades de suficiente consumo para a produção prevista, e depois de ter construído sua casa na atual Rua São Paulo (casa que ainda existe) e de ter se casado com Helena Brandes (Helene Friederike Henriette Brandes) nascida em 20 de outubro de 1838, instalou, nos fundos de sua residência, a sua pequena indústria.
Isso se deu em 1860, quando Blumenau contava, apenas, pouco mais de 950 moradores, agrupados em 190 famílias e outras tantas casas de moradia, das quais só umas sessenta mereciam esse nome, pois, as outras, não passavam de ranchos cobertos de palha.
O terreno adquirido por Hosang tinha 150 geiras e custara 450$000 que foram pagos à vista. Não se tendo, no momento de efetuar o pagamento, conhecimento, ainda, do regulamento da colônia (que naquele mesmo ano de 1860 passara para o domínio do governo imperial) e que concedia o desconto de 12% sobre o preço de terras pagas à boca do cofre, Hosang em 1867, requereu lhe fosse devolvida a importância que pagara a mais.
A fábrica de Hosang prosperou. De ano para ano, foi crescendo o consumo da bebida que preparava e que era a preferida no comércio local, visto que a maioria dos moradores era de origem alemã e grandes apreciadores da cerveja.
O casal Heinrich Hosang teve cinco filhos: Elisa, depois casada com Alvin Schrader (que chegou ao posto de superintendente municipal, tendo governado Blumenau por três quatriênios consecutivos); Otto, casado com Clara Odebrecht; Clara, casada com o conde Von Westarp; Francisco, casado com Ana Maschke; e Helena que se casou com Hermann Schossland.
Hosang esteve à frente da sua indústria até quando faleceu em 16 de dezembro de 1888, com 60 anos de idade.
Seus herdeiros ainda guardam um curioso livro de registro de vendas de cerveja, de 1880 a 1881, a comerciantes onde se pode colher dados interessantes: Maurício Holetz, dono de hotel e bar, era grande freguês da cerveja Hosang: cerca de 300 garrafas por mês. Os negócios do Reinhardt, do Fernando Schrader, do Henrique Probst, do Sutter, do W. Scheeffer, do Victor Gaertner, do Paulo Hartmann, do Stein, do Wegener, do Beyer, do Fiedler, do Asseburg, do Rabe, do Schreiber, do Paupitz, do H. Kestner, do H. Hering, do Guilherme Engelke, do Jens Jensen e de muitos outros espalhados pelo interior da colônia, eram outros tantos revendedores importantes.
Depois do falecimento de Heinrich Hosang, a viúva, auxiliada por seu filho Otto, continuou à frente da fábrica, com a mesma eficiência e o mesmo sucesso anterior.
Helena Brandes, esposa de Hosang, quando ainda noiva, trajando elegante indumentária da época.
Por volta de 1889/90, a cervejaria muda de endereço saindo do Garcia para uma transversal da Rua São Paulo (atual Rua Heinrich Hosang).
Otto, nascido em Blumenau em 20 de dezembro de 1873, estudou química em Brunswick (Alemanha) e casou em Blumenau em 20 de agosto de 1896 com Henrica Gustava Clara Odebrecht, nascida em primeiro de junho de 1874, com quem teve 12 filhos (Heinrich, Hedwig, Arthur, Ralf, Ilka, Herald, Curt, Erika, Evelina, Max, Emil, Ingo) e 29 netos.
Até que, em 1898, o filho Franz (Francisco) e o genro, Hermann Schossland, associados, passaram a dirigir a cervejaria, sob a razão social de Schossland & Hosang.
Em 1906, Hermann deixa a sociedade e Francisco assume a responsabilidade social sozinho. Nesse mesmo ano, seu irmão Otto, que tinha regressado recentemente da Alemanha, onde fora estudar, tenta a implementação de uma subsidiária da cervejaria em Itajaí - SC e posteriormente, oficialmente associado ao irmão, transfere a Cervejaria, com o nome de Cervejaria Nacional Otto Hosang, para Aquidaban (antigo distrito de Blumenau e atual município de Apiúna).
Em 1920 Otto Hosang veio com a família fixar residência em Taió, quando foi nomeado primeiro agente do Correio do município. Em 1922 ele muda novamente para Blumenau. Em 1923 voltou com a família para Aquidaban onde se estabeleceu com uma casa de comércio. Foi agente do Correio e Telégrafo e agente da Estação da Estrada de Ferro Santa Catarina naquela localidade.
Infelizmente, a Cervejaria Nacional Otto Hosang deixa de funcionar em 1923, por motivo de doença de Francisco Hosang e por Otto já estar exercendo a função de agente do correio em Taió, sendo vendido todo o acervo, material e maquinaria, à firma Bock de Nova Breslau, atual Presidente Getúlio, onde ainda prestaram serviços por longos anos.
É dessa última época, o rótulo da "Cerveja Victória" que ilustra este trabalho e que custava 300 réis a garrafa. Era, como as demais da época, das chamadas "marca barbante" porque as garrafas, em vez de fechadas com as tampinhas de metal, como atualmente se usa, eram obturadas com rolhas de cortiça. Um fio de barbante, passado sobre as rolhas e amarrado ao gargalo das garrafas, assegurava maior resistência aos efeitos da fermentação da bebida.
Em 1925, Otto Hosang e família vieram morar definitivamente em Taió. Reassumiu a agência do Correio, que esteve entregue desde que se ausentou de Taió, aos cuidados de seu Filho Ralf Hosang. Após a revolução de 1930, quando assumiu o poder Getúlio Vargas, decretou a fusão do Telégrafo aos Correios, e como o telégrafo até aqui esteve sob a agenciação de Estelina Lenzi, ela perdeu o cargo de agente para Otto Hosang, que era funcionário público mais antigo. Por esse motivo Otto Hosang foi nomeado Agente do Correio e Telégrafo de Taió, cujo cargo ele ocupou até sua morte ocorrida em 17 de junho de 1932.
11 comentários:
Carlos, teu blog é simplesmente fantástico. Obrigado por suas palavras lá no meu blog. Você tem alguma informação sobre a cerveja Sul Americana que a Sankt Gallen relançou?
abraços
Cervejeiro Maia
muito emocionante ler esse artigo. sou tataraneto de Otto Hosang e haviam detalhes de que eu não havia conhecimento. obrigado.
Ola Carlos
Ficou super legal o teu artigo sobre a nossa familia...passou o tempo e nem agradeci a voce pelo seu trabalho..gostei da garrafa è bem familiar...um forte abraço Eliane Hosang
Cara, muito legal seu blog.
Como degustador de cerveja e tataraneto de Otto Hosang fico muito feliz que pessoas se dediquem a história da cerveja e das famílias envolvidas. E de alguma forma, história do Brasil!
Somos parentes pois sou bisneto do Hermann Schossland, neto do Hermann Schossland filho e sobrinho de Hermann Schossland Neto.
Linda História temos tantas coisas bonitas que mau sabemos adorei esta matéria.
Muito interessante. Só descobri agora este blog. Precisamos pesquisar mais as histórias da Colônia Blumenau.
Carlos, seu blog é muito interessante, são informações fascinantes. Nas suas pesquisas, você descobriu quais são os estilos das cervejas que eram produzidas naquelas épocas?
Nossa, é tão bom saber que nossa família fez história no Brasil.
Sou Jane Hosang, filha de Oto Hosang, neta de Ralf Hosang, Bisneta de Otto Hosang e tataraneta de Franz Hosang (Francisco Hosang)
Acho que tá certo o último.
Postar um comentário