Texto retirado do Projeto Passo Fundo - Passo Fundo - RS
Vultos da História de Passo Fundo - 2ª Ed. - autores: Welci Nascimento e Santina Dal
Um encontro com a memória viva - autores: Veríssimo da Fonseca e Paulo Monteiro
Passo Fundo era o mais importante centro comercial, industrial e de serviços de todo o Norte do Rio Grande do Sul e Oeste de Santa Catarina. O município contava com diversas casas comerciais, além de madeireiras e moinhos de arroz, trigo e milho. Também possuía uma cervejaria artesanal, criada por João Corá em 1910, que abastecia todo o mercado, de Santa Maria a Marcelino Ramos.
Em 18 de Julho de 1912 foi requerido, na Junta Comercial, o arquivamento do contrato social feito entre Alexandre Bramatti e João Corá, para o comércio de fabrico de cerveja, gelo e o que mais convier, com o capital de 90:000$000 (noventa contos de reis), sob a firma Bramatti & Corá.
Jorge Barbieux nasceu na localidade de St. Gall, na Suíça, no dia 29 de novembro de 1867. Permaneceu em sua Pátria até os 16 anos de idade, vindo para a América do Sul fixando-se na Argentina.
Em 1884, retornou à Europa, quando estudou, inicialmente, na Wormser Braner Schule-Worms. Mais tarde fez Estágio na Arminius Drauerrei-Kohlstad e, em junho de 1887, já com 20 anos de idade, ingressou como técnico na Fábrica de Cerveja “La Alemanha” de Valência, Espanha, onde também aprimorou seus conhecimentos cervejeiros, tornando-se técnico de fama e diplomando-se em técnico cervejeiro em 1889.
Retornando à Argentina em 1896, fixou-se como técnico cervejeiro, tendo requerido sua cidadania argentina, onde trabalhou alguns anos. Em 1900, Não tendo encontrado a terra ideal para viver, pensou em transferir-se para o Brasil, mais precisamente para o Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, onde existia uma organização cervejeira de certa fama, a Bopp, Sassen, Ritter e Cia, assumindo a Direção Técnica, e passando a apresentar excelentes produtos.
Em Porto Alegre, Jorge Barbieux casou-se com Maria Luiza Breier, a 08 de dezembro de 1900; contava, então, com 33 anos de idade e muita experiência de mundo.
Permaneceu em Porto Alegre como Técnico de uma grande cervejaria até 1914, quando tranferiu-se para Montenegro, onde dirigiu como técnico, a Fábrica de Cerveja Jahn.
Em 1914 iniciava-se a Primeira Guerra Mundial e Jorge, então com 4 filhos: Walter nascido em 1901, Constance em 1902, Bruno em 1904 e Dagmar em 1909, deixa a Direção Técnica da Cervejaria Jahn.
Transfere-se para Passo Fundo onde associando-se aos irmãos Otto e Hugo Bade dá início ao primeiro estabelecimento cervejeiro de expressão regional do Município, adquirindo em 1915, a pequena e modesta Cervejaria Bramatti & Corá (Alexandre Bramatti & João Corá) que foi ampliada e rebatizada em 1916 de Cervejaria Serrana Ltda., onde passou a fabricar a cerveja “Gaúcha”, considerada, na época, uma das melhores da Serra.
Em 19 de março de 1917 foram depositadas na da Junta Commercial da Capital Federal (RJ) o registro das marcas de cerveja Creoula e Serrana, de Bade Irmãos & Barbieux que já haviam sido registradas na Junta Commercial do Rio Grande do Sul, respectivamente sob os nº. 3.149 e 3.150.
Jorge Barbieux e Otto Bade tornaram-se durante anos consecutivos os fabricantes da melhor cerveja do interior rio-grandense. Eles implantaram o primeiro estabelecimento cervejeiro de importância em Passo Fundo, com produção capaz de atender à demanda no consumo desta imensa região.
Ao fixar-se em Passo Fundo como industrial, Jorge Barbieux requereu sua cidadania brasileira, como brasileiro naturalizado participou de muitas campanhas políticas de âmbito municipal, estadual e nacional.
Entre os seus descendentes, destacamos seu filho Walter Barbieux que também soube, como seu pai, dar a parcela de contribuição com o seu trabalho nas atividades comerciais para a prosperidade da Capital do Planalto.
Em fins de 1918, Walter Barbieux foi para Alemanha realizar o curso de técnico cervejeiro, estudando em Hamburgo entre 1919 e 1925 quando retornou e assumiu a cervejaria.
Com o retorno do jovem técnico cervejeiro, a indústria foi modernizada. Tudo foi eletrificado após a importação e a chegada de uma enorme caldeira para a geração de energia, as casas de todos os empregados que moravam nos arredores também foram iluminadas. Vários funcionários moravam próximos da cervejaria, o que acabou por formar uma comunidade mantida por meio dela.
A caldeira desembarcada em Porto Alegre, foi transportada de trem até Passo Fundo. O transporte da caldeira da estação ferroviária exigiu o concurso de dois caminhões: um à frente, puxando-a; outro atrás, segurando-a nos declives. Assim, chegou até indústria movida por dois caminhões, um que puxava e outro que empurrava. A cidade parou para ver a operação de transporte.
Com a reformulação e a ampliação da cervejaria, a produção passou a ser em larga escala e a cervejaria tornou-se responsável pelo abastecimento da região da serra até Santa Maria para as demais cidades a distribuição era feita via trem.
Além de cerveja, a indústria produzia guaraná e limonada gasosa. "O guaraná, natural, vinha do Amazonas em tonéis. A limonada gasosa era produzida com limão natural que vinha de Marcelino Ramos. Todos os produtos eram naturais, com água natural, de um poço artesiano perfurado especialmente para isso. O limão era pasteurizado e conservado em garrafas de vidro, por isso sempre, inverno e verão, podia ser produzida a limonada. Apenas a na água de soda, ia um produto químico, o sódio. Além da Cerveja Serrana, era fabricada a Cervejinha Preta Gauchita".
"As garrafas de cerveja eram acondicionadas em caixas de madeira, com quadradinhos também de madeira. Para transporte mais longo, as garrafas eram empalhadas com palha de cevada. O lúpulo da Tcheco-Eslováquia, enrolado em linho. A cevada era importada da Argentina. O transporte era feito em trens, e para onde estes não chegavam, através de carroças”
Algum tempo depois, Otto Bade vende sua parte para a Cervejaria Continental.
Jorge Barbieux viveu em Passo Fundo de 1915 até 1944 quando se afastou da cervejaria, lutando diuturnamente pelo progresso industrial e pelo desenvolvimento econômico do Município, não esquecendo o engrandecimento espiritual de todos os passo-fundenses, no seio dos quais ele se harmonizava como se estivesse entre irmãos. Em 25 de janeiro de 1945, aos 78 anos de idade, falece em Porto Alegre, no Hospital São Francisco, cercado pelo carinho de seus familiares e amigos.
Em 1º de junho de 1947, seus familiares acabaram vendendo totalmente a cervejaria e a Serrana se transforma em filial da Cervejaria Brahma.
A chaminé da fábrica, referência preservada até hoje, emitia o apito que despertava a cidade a cada novo amanhecer e ao final de mais um dia cumprido. E assim foi até 1975. Terminando com o seu fechamento definitivo em 21 de abril de 1997.
O conjunto de prédios abriga atualmente a FAPLAN (Faculdade Planalto) fundada no dia 24 de Agosto de 2001.
Em 18 de Julho de 1912 foi requerido, na Junta Comercial, o arquivamento do contrato social feito entre Alexandre Bramatti e João Corá, para o comércio de fabrico de cerveja, gelo e o que mais convier, com o capital de 90:000$000 (noventa contos de reis), sob a firma Bramatti & Corá.
Jorge Barbieux nasceu na localidade de St. Gall, na Suíça, no dia 29 de novembro de 1867. Permaneceu em sua Pátria até os 16 anos de idade, vindo para a América do Sul fixando-se na Argentina.
Em 1884, retornou à Europa, quando estudou, inicialmente, na Wormser Braner Schule-Worms. Mais tarde fez Estágio na Arminius Drauerrei-Kohlstad e, em junho de 1887, já com 20 anos de idade, ingressou como técnico na Fábrica de Cerveja “La Alemanha” de Valência, Espanha, onde também aprimorou seus conhecimentos cervejeiros, tornando-se técnico de fama e diplomando-se em técnico cervejeiro em 1889.
Retornando à Argentina em 1896, fixou-se como técnico cervejeiro, tendo requerido sua cidadania argentina, onde trabalhou alguns anos. Em 1900, Não tendo encontrado a terra ideal para viver, pensou em transferir-se para o Brasil, mais precisamente para o Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, onde existia uma organização cervejeira de certa fama, a Bopp, Sassen, Ritter e Cia, assumindo a Direção Técnica, e passando a apresentar excelentes produtos.
Em Porto Alegre, Jorge Barbieux casou-se com Maria Luiza Breier, a 08 de dezembro de 1900; contava, então, com 33 anos de idade e muita experiência de mundo.
Permaneceu em Porto Alegre como Técnico de uma grande cervejaria até 1914, quando tranferiu-se para Montenegro, onde dirigiu como técnico, a Fábrica de Cerveja Jahn.
Em 1914 iniciava-se a Primeira Guerra Mundial e Jorge, então com 4 filhos: Walter nascido em 1901, Constance em 1902, Bruno em 1904 e Dagmar em 1909, deixa a Direção Técnica da Cervejaria Jahn.
Transfere-se para Passo Fundo onde associando-se aos irmãos Otto e Hugo Bade dá início ao primeiro estabelecimento cervejeiro de expressão regional do Município, adquirindo em 1915, a pequena e modesta Cervejaria Bramatti & Corá (Alexandre Bramatti & João Corá) que foi ampliada e rebatizada em 1916 de Cervejaria Serrana Ltda., onde passou a fabricar a cerveja “Gaúcha”, considerada, na época, uma das melhores da Serra.
Em 19 de março de 1917 foram depositadas na da Junta Commercial da Capital Federal (RJ) o registro das marcas de cerveja Creoula e Serrana, de Bade Irmãos & Barbieux que já haviam sido registradas na Junta Commercial do Rio Grande do Sul, respectivamente sob os nº. 3.149 e 3.150.
Jorge Barbieux e Otto Bade tornaram-se durante anos consecutivos os fabricantes da melhor cerveja do interior rio-grandense. Eles implantaram o primeiro estabelecimento cervejeiro de importância em Passo Fundo, com produção capaz de atender à demanda no consumo desta imensa região.
Ao fixar-se em Passo Fundo como industrial, Jorge Barbieux requereu sua cidadania brasileira, como brasileiro naturalizado participou de muitas campanhas políticas de âmbito municipal, estadual e nacional.
Entre os seus descendentes, destacamos seu filho Walter Barbieux que também soube, como seu pai, dar a parcela de contribuição com o seu trabalho nas atividades comerciais para a prosperidade da Capital do Planalto.
Em fins de 1918, Walter Barbieux foi para Alemanha realizar o curso de técnico cervejeiro, estudando em Hamburgo entre 1919 e 1925 quando retornou e assumiu a cervejaria.
Com o retorno do jovem técnico cervejeiro, a indústria foi modernizada. Tudo foi eletrificado após a importação e a chegada de uma enorme caldeira para a geração de energia, as casas de todos os empregados que moravam nos arredores também foram iluminadas. Vários funcionários moravam próximos da cervejaria, o que acabou por formar uma comunidade mantida por meio dela.
A caldeira desembarcada em Porto Alegre, foi transportada de trem até Passo Fundo. O transporte da caldeira da estação ferroviária exigiu o concurso de dois caminhões: um à frente, puxando-a; outro atrás, segurando-a nos declives. Assim, chegou até indústria movida por dois caminhões, um que puxava e outro que empurrava. A cidade parou para ver a operação de transporte.
Com a reformulação e a ampliação da cervejaria, a produção passou a ser em larga escala e a cervejaria tornou-se responsável pelo abastecimento da região da serra até Santa Maria para as demais cidades a distribuição era feita via trem.
Além de cerveja, a indústria produzia guaraná e limonada gasosa. "O guaraná, natural, vinha do Amazonas em tonéis. A limonada gasosa era produzida com limão natural que vinha de Marcelino Ramos. Todos os produtos eram naturais, com água natural, de um poço artesiano perfurado especialmente para isso. O limão era pasteurizado e conservado em garrafas de vidro, por isso sempre, inverno e verão, podia ser produzida a limonada. Apenas a na água de soda, ia um produto químico, o sódio. Além da Cerveja Serrana, era fabricada a Cervejinha Preta Gauchita".
"As garrafas de cerveja eram acondicionadas em caixas de madeira, com quadradinhos também de madeira. Para transporte mais longo, as garrafas eram empalhadas com palha de cevada. O lúpulo da Tcheco-Eslováquia, enrolado em linho. A cevada era importada da Argentina. O transporte era feito em trens, e para onde estes não chegavam, através de carroças”
Algum tempo depois, Otto Bade vende sua parte para a Cervejaria Continental.
Jorge Barbieux viveu em Passo Fundo de 1915 até 1944 quando se afastou da cervejaria, lutando diuturnamente pelo progresso industrial e pelo desenvolvimento econômico do Município, não esquecendo o engrandecimento espiritual de todos os passo-fundenses, no seio dos quais ele se harmonizava como se estivesse entre irmãos. Em 25 de janeiro de 1945, aos 78 anos de idade, falece em Porto Alegre, no Hospital São Francisco, cercado pelo carinho de seus familiares e amigos.
Em 1º de junho de 1947, seus familiares acabaram vendendo totalmente a cervejaria e a Serrana se transforma em filial da Cervejaria Brahma.
A chaminé da fábrica, referência preservada até hoje, emitia o apito que despertava a cidade a cada novo amanhecer e ao final de mais um dia cumprido. E assim foi até 1975. Terminando com o seu fechamento definitivo em 21 de abril de 1997.
O conjunto de prédios abriga atualmente a FAPLAN (Faculdade Planalto) fundada no dia 24 de Agosto de 2001.
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