sábado, 29 de junho de 2024

Sociedade coletiva Mora, Cervejaria mora, Fábrica de Bebidas Cascata S/A.




No ano de 1842, um capítulo começou a ser escrito na história de Petrópolis com a chegada de 1.500 famílias de colonos alemães. Na implantação e desenvolvimento da cidade imperial, eles eram exemplos de determinação e sempre respeitaram as condições naturais da região. Com destreza, aliaram cuidado e perfeição nas tarefas que executaram no passado, inúmeras e quase sempre minuciosas. Caminhando pelas ruas de Petrópolis, até hoje, é possível identificar esses trabalhos nos rendilhados em madeira nas varandas e no modelo de calçamento em paralelepípedos das ruas.

A imigração italiana em Petrópolis aconteceu entre o final do Século XIX e o início do Século XX, e se concentrou, basicamente, em Cascatinha e no Alto da Serra; teve por objetivo fornecer mão-de-obra operária para as indústrias têxteis da época.

Em Cascatinha, sede da Companhia Petropolitana de Tecidos, que data de 1873, os italianos respondiam por cerca de 40% (quarenta por cento) da população local. Quando foi fundada, no Alto da Serra, a Fábrica Cometa, que também, em larga medida, valeu-se do trabalho de italianos que, por não possuírem um lugar para residência, foram morar, muitos deles, na vila operária de Cascatinha.

Desde a chegada ao Brasil, as condições desses estrangeiros não eram favoráveis, até porque inexistiam leis trabalhistas que lhes assegurassem direitos. Assim, a história de Petrópolis deve ser contada tanto à luz da colonização germânica no 1º Distrito, quanto da imigração italiana, operária e proletária. É preciso manter vivas as tradições que nos foram legadas pelos italianos, e que podem ser constatadas até hoje em nosso cotidiano: a tradição católica, que muito enriqueceu de festas e devoção desses bairros italianos, os jogos de bocha, que até a bem pouco tempo era praticado na Praça de Cascatinha, e no ponto mais visível para a maioria das pessoas, que é a gastronomia, com as tradicionais massas feitas com receitas caseiras que perpassam gerações. Muitos são os exemplos da vida em sociedade tendo os italianos em destaque , o legado de tantas famílias italianas, seus valores individuais e também os “causos” divertidos que animam o senso comum quando se fala da espontaneidade e da alegria dos italianos.

Em 1893. É fundada por colonos italianos a Sociedade Coletiva Mora, em Petrópolis – RJ, uma fábrica de cervejas com método de fabricação totalmente artesanal, com processos bastante antiquados como a fermentação ambiente.

Em 1º de julho de 1903, a cervejaria organizou-se como indústria, no endereço original à Rua Bernardo de Vasconcellos, 306, na Cascatinha. 2º distrito do município de Petrópolis – RJ, onde a família Mora começou a fabricar seus produtos como tantas outras fábricas similares fabricando somente cerveja. Se tornando, posteriormente, destaque no mercado cervejeiro do antigo Estado do Rio com a produção das cervejas Cascata Preta e Cascata Branca.

Não consegui referências quanto às firmas iniciais da Cervejaria Cascata, mas ela mudou ao longo do tempo como o mostram as diversas notas fiscais: Em 1904 a firma era Joaquim Francisco & Cia, em 1910 já era Pellegrini & Mora e mais tarde em 1916 somente Luiz Mora.

    

Em meio a primeira guerra mundial (1914/18) com as dificuldades criadas pelas potências em guerra ao comércio marítimo até dos países neutros, ante a escassez de matéria-prima importada (lúpulo e cevada) viu-se a empresa obrigada a restringir consideravelmente a sua produção. Foi quando, para contornar a situação e não encerrar temporariamente sua atividade, deliberou a direção da Cascata incorporar à sua linha de produção outros tipos de bebidas que não dependessem, em sua feitura, integralmente das importações. Surgiu, então a fabricação de refrigerantes, predominando o guaraná, bebida não alcoólica, 100% brasileira, de sabor agradável, com propriedades tônicas e nutrientes, cuja crescente expansão do consumo assegurou, desde logo, novas possibilidades à indústria libertando-a da fabricação de um só produto.


Passou, também, a Fábrica Cascata a produzir Conhaque, Vermute, Aniz, Fernet, Laranjinha. Licor de Cacau, Genebra, etc. que lograram boa aceitação do público.

  

    

O anúncio da Cervejaria Cascata em 1928 também era especifico quanto a seus produtos. Produção das famosas cervejas Branca e Preta, sendo que a preta era vendida em todos os pontos da baixada onde houvesse um ponto dos ônibus da Única e Útil em direção à Petrópolis e concorria com a famosa cerveja preta da "Americana" ainda de rolha. Outros produtos segundo o anúncio eram seus licores finos, águas gasosas, um glamour entre as damas, os famosos xaropes para fazer refresco que dominavam o comercio popular nos quarteirões e serviam para a cozinha fazer iguarias consideradas de primeira qualidade, principalmente algumas alemãs. E finalmente a bebida em que os Mora eram considerados experts na fabricação, assim como todos os italianos, o Fernet chamado por eles por Fernet-Mora.

Como podemos observar por sua publicidade, era distribuidora oficial dos produtos da Cia. Cervejaria Hanseática do Rio de Janeiro, em Petrópolis. Mas em 1942, a cervejaria Hanseática foi adquirida pela Brahma, o que conduziu ao fim do contrato de distribuição.

  

Funcionou neste endereço original à Rua Bernardo de Vasconcellos, na Cascatinha, até fevereiro de 1935 quando transferiu suas instalações para o 1º distrito do município de Petrópolis, à rua Washington luiz, 455, onde adquiriram grande terreno, instalando na frente do mesmo sua fábrica e nos fundos uma vila de casas para a própria família, assim como o prédio que foi construído sobre o edifício da fábrica.


Com o desenvolvimento da empresa e sua transformação em sociedade anônima em 1947, constituindo a Fábrica de Bebidas Cascata S/A.

Em 28 de outubro de 1947 solicita o registro da Água Tônica Mora, deferido e registrado sob o número 91.


Em 30 de dezembro de 1947 solicita o registro dos seguintes produtos:
Guaraná gaseificado marca Mora, registrado sob o número 104.
Guaraná gaseificado marca Cascata, registrado sob o número 105.
Amargo à base de vinho de laranja marca Amargo Mora, registrado sob o número 50.

Em 25 de maio de 1948 solicita o registro dos seguintes produtos: Xaropes de Framboesa, damasco e tamarindo marca Mora registrados sob os números: 193, 196 e 199 respectivamente.

Após a aposentadoria do fundador e patriarca Luiz Móra (Luigi), italiano do Vêneto, os filhos: Torino Mora junto com os irmãos Floriano no marketing e Italo no laboratório, novo edifício foi construído, aparelhado com o mais moderno maquinário de alto rendimento existente, com a capacidade de produção de 6.300 unidades de refrigerantes por hora. Pasteurizador francês, máquinas de engarrafar, máquina de misturar o xarope, laboratório, as sementes do guaraná eram moídas no laboratório, poço artesiano, fábrica de gelo, faziam seus próprios engradados assim como tinham máquinas de rotular, oficina mecânica e marcenaria para manutenção.

Na década de 60 lançaram os refrigerantes Cola-Mora e o Crik laranja, eram com eles feitos também o Cuba Libre e o Hi Fi. Eram produtos de alta qualidade, produtos engarrafados em garrafinhas especiais, com o símbolo da Cascata gravado na garrafa.


A Fábrica de Bebidas Cascata funcionou até a década de 1980.

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