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Natural da região de Comacchio, na Itália, Paulo Simoni chegou ao Brasil em 1882, com 9 anos, juntamente com mais dois irmãos, para se reunir ao pai e a irmã casada, que aqui haviam se estabelecido.
Inicialmente, estabeleceu-se com a família no Rio de Janeiro, onde trabalhou em um moinho de trigo. Após ser vitimado pela febre amarela, transferiu-se para o interior, seguindo conselho médico, adotando a cidade de Juiz de Fora como sua nova residência, a partir de 1892.
Nesta cidade, após dedicar-se ao comércio de gêneros alimentícios, iniciou sua carreira como industrial, ao fundar uma pequena fábrica de massas e posteriormente, assessorado por um químico alemão, organizou uma fábrica de vinhos e licores finos.
O sucesso do empreendimento levou Paulo Simoni a buscar o que havia de mais moderno em termos idéias e de equipamentos na Europa. Ao vender suas fábricas, conseguiu os recursos necessários para a viagem, deixando montada uma charutaria e um armazém para os irmãos. Decidiu na mesma época, que, ao retornar da Europa, não mais fundaria indústria congênere naquela cidade.
Em 1907, realizou o seu objetivo, durante a viagem de estudos e negócios realizada à Itália, Suíça, França e Alemanha, onde conheceu o que havia de mais novo em maquinário para a produção de massas, licores, refrigerantes e cervejas, além de equipamentos para os setores de cerâmica e marmoraria.
De volta ao Brasil, enquanto aguardava a chegada de seus equipamentos, estabeleceu-se em Barbacena com planos de conseguir incentivos do poder municipal para seu novo empreendimento.
No mesmo ano de 1907, em visita à Belo Horizonte, a nova capital do Estado, percebeu que o local era propício para a instalação de seus negócios, uma vez que não havia recebido nenhum retorno das autoridades de Barbacena.
A política de incentivos ao desenvolvimento industrial, implementada com o Decreto n. 1.516, de 2 de maio de 1902, assinado pelo prefeito Bernardo Monteiro, foi fundamental para a instalação de diversas indústrias na capital mineira e contribuiu para a definição de Paulo Simoni por esta localidade O decreto previa doações de terrenos, isenção de impostos e fornecimento gratuito de energia elétrica. As indústrias se fixaram na Praça da Estação, que foi a primeira região industrial da cidade, atraídas pela facilidade de transporte de matérias primas e equipamentos.
Favorecido pelo Decreto de 1902, adquiriu terrenos próximos à Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, iniciando a construção do que viria a ser um "império industrial" para a época. Apesar das instalações destinadas a destilaria, massas, tintas de escrever e bombons não estarem concluídas, instalou provisoriamente um motor a vapor para viabilizar a produção, chegando a trabalhar inclusive à noite, sendo para isto a fábrica iluminada a luz elétrica.
Em 1908, casou-se com Emma Mellis Belgrano, com quem teve seis filhos. Vencidas as dificuldades iniciais de transporte do equipamento importado da Europa, seu empreendimento apresentava indícios de prosperidade nos anos de 1908 e 1909.
Foto de 1911
Sua linha de produtos, bastante diversificada, obedecia aos rigores dos processos mais aperfeiçoados, acionados por maquinismo moderno e um motor elétrico, de 50 cavalos.
Trabalhavam em suas diversas seções cerca de 40 empregados, responsáveis pelo fabrico dos seguintes artigos: massas brancas e amarelas, cervejas, águas minerais, licores de sabores variados, vinho branco, vinagre, chocolate, doce, cigarro e charuto. Dedicava-se também a produção de fubá e a refinação de sal. Foi também pioneiro na fabricação de confeti no Estado.
O estabelecimento compunha-se de um grande salão, onde ficava o depósito das massas alimentícias, outro, onde era feito o acondicionamento e o depósito de sacos. Para a produção mensal de aproximadamente 30.0000 Kg. de massas, possuía prensas duplas, prensas para massas finas e amassadeiras automáticas.
A fábrica de cerveja, que levava o nome de Cervejaria Gambrinus, dispunha de destiladores, esfriadores e uma grande caldeira, com capacidade para 2.000 litros. Em sua produção mensal de 12.000 garrafas, sobressaíam-se as marcas "Excellente", "Pretinha" e "Gambrinus".
Em 3 de outubro de 1924, foi alterada a denominação de Avenidas e Ruas através da Lei 281, que em seu Art. 4º, reza que terá o nome de "Aarão Reis" a rua sem actual denominação na planta, e que é geralmente conhecida como rua da Estação.
A destilação do vinagre e demais bebidas era feita por diversas máquinas e filtros, utilizando como matéria-prima apenas aguardente fermentada com açúcar de cana. Dentre as bebidas, podem ser citadas xaropes, laranjinhas, aniz, biter, fernet e vermouth.
Obteve junto à Prefeitura a concessão de um terreno de 5.400 metros quadrados, por um prazo de 10 anos, situado nas proximidades da Estação, para a construção de um moinho de trigo. Porém, por questões alheias a sua vontade, não conseguiu efetivar essa produção tão importante para o desenvolvimento industrial da capital.
O nome de Paulo Simoni, bem como do Estabelecimento Industrial Mineiro, foram difundidos em todo o país, pela solidez do empreendimento e a excelência dos produtos, que eram exportados não só para o interior mineiro como para outros Estados.
O reconhecimento de seu trabalho, esforço e dedicação em favor da indústria foi traduzido pelas inúmeras premiações recebidas em várias exposições nacionais e internacionais, onde era sempre convidado a participar. Em 1941, mudou o nome de sua empresa para Indústrias Reunidas Paulo Simoni Ltda.
Data deste mesmo ano, o seu falecimento.
Atualmente, seus sucessores dedicam-se ao setor de construção civil.
2 comentários:
Seu bisneto, Luiz Gustavo Guimarães Simoni, possui hoje uma cervejaria na cidade de Nova Lima, Minas Gerais e se dedica a produção das melhores e mais inovadoras cervejas. https://www.facebook.com/KoalaSanBrew
Parabéns Gustavo. Sucesso sempre. Abraço da prima.
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