Faz mais de um século que foi fundada em Itapira, no Estado de São Paulo, uma das mais famosas marcas de cerveja da região. Produzida quase que artesanalmente pela Destilaria Boretti.
Luigi Salvatore Boretti, o tronco da família no Brasil, era o comandante chefe. Seus filhos: Adelelmo e Vittorio começavam a “lavorar in Brasile”. Vittorio Boretti nasceu em Bigarello, Província de Mantova na Itália em 07 de Abril de 1883, tendo vindo para o Brasil em 1887, juntamente com Clodomiro seu primo. Era filho de Luigi Salvattore Boretti e de Filomena Maccari. Casou-se com D.Elvira Mazzer em 16 de Agosto de 1902. Vittorio faleceu no dia 18 de outubro de 1966.
Adelelmo e Vittorio, a partir de 1894, idealizaram os primeiros passos para a fabricação de bebidas e num processo de aprendizagem bastante rápido, se tornaram íntimos no conhecimento da fervura da cevada, fermentação e resfriamento. Adelelmo e Vitório, foram vencendo as dificuldades e adaptando-se pouco a pouco aos processos manuais e mecânicos exigidos para a fabricação de bebidas.Tornaram-se ambos portanto fundadores da indústria. Fundou-se então a Destilaria Adelelmo Boretti & Cia., em 1897.
Durante muito tempo dividiram os afazeres, procurando dar continuidade, trabalhando diuturnamente para vencer a produção cujas vendas iam aumentando dia a dia. A Destilaria estava inicialmente situada na Ladeira do Cubatão nº 3, à margem esquerda de quem desce, atual Rua Adelelmo Boretti, onde permaneceu por 35 anos.
Vittorio juntamente com Cirino e Irineu cada um com uma função específica deram um impulso extraordinário à empresa, mantendo-a sempre produtiva e sem concorrentes.
A Destilaria produzia e engarrafava os mais variados tipos de bebidas, cervejas clara e escura, desde a famosa “cerveja preta quinada”.
A cerveja escura era do tipo "Malzbier", segundo diziam: "própria para senhoras que amamentavam", sodas, xaropes, dez sabores de licores (aniz, cacau, anizete, groselha e menta, etc.), vinagre. Produziam ainda o conhecidíssimo Guaraná "Nacional" cuja fórmula era do Dr. Hortêncio Pereira da Silva.
Ali na Destilaria também se engarrafava o precioso vinho, vindo em tonéis da Europa, precisamente da Itália, cujo transporte era feito através da Cia, Mogiana de Estradas de Ferro.
Em 1932, mais ou menos, quando a Destilaria mudou-se para a Rua João de Morais, 37, em novo prédio construído pelo Clodomiro.
Até os netos de seu Vittorio serviam como ajudantes, engarrafando, colando os rótulos, selando e fechando as garrafas.
Vejam este texto de propaganda e os dois recortes de jornal:
"...A Distilaria Boretti, pertence ao acatado cavalheiro sr. Vittorio Boretti e fundada em 1897, está magnificamente instalada em prédio próprio, à rua João de Morais n.37 – fone, 158 – trabalhando com seis hábeis operários. Dispões de todos os mais modernos maquinismo movidos por meio de eletricidade, sendo empregada água potável quimicamente pura, filtrada nos famosos filtros “Outlet – Inlet”..."
A Destilaria foi vencida pelo progresso e pela concorrência de outras marcas de cerveja que iam chegando até Itapira. Assim, foi sendo desativada aos poucos. No ano de 1952 encerrou definitivamente suas atividades. Naquele local, muitas reuniões noturnas eram realizadas e entre uma e outra cerveja produzida pelos Boretti iam surgindo idéias prodigiosas. Foi ali que surgiram diversos grupos musicais, teatrais, seresteiros e outros.
Da Destilaria Boretti pouco sobrou, somente uma centenária garrafa de Cerveja Preta Quinada.
foto de 1997 - Cirino Boretti (quase centenário) e a Preta Quinada.
6 comentários:
Parabéns pelo texto e obrigada por contar uma parte da história de meus antepassados em Itapira, cidade de minha mãe, Terezinha Boretti.
Cláudia Lemos Moraes, neta de Raul Boretti.
Sou bisneta de Raul Boretti e fiquei feliz de conhecer um pouco dessa história.
É apaixonante e recompensador pesquisar a história da cerveja. Se algo, no texto, não estiver conforme a verdade ou se quiser acrescentar algum texto, imagem, etc. por favor, entre em contato.
Obrigado!
Sou neta de Clodomiro Boretti, filha de Gilfredo Boretti.
Tenho várias recordações felizes do tempo que passava férias em Itapira, na casa de meu avô, conheci a fábrica de seu avô, vizinha do meu nono Clodomiro.Eu e minhas primas tomávamos muito refrigerante, eu em especial gostava muito da soda!Obrigada por escrever sobre nossa história...Parabéns
Cecília Boretti
Legal, alguém sabe se essa garrafa da foto ainda existe?
O Salvatore Boretti é meu trisavô, minha bisavó era irmã do Adelelmo interessante conhecer a história dos antepassados.
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