sexta-feira, 29 de junho de 2012

Fábrica de cerveja de Gustav Jahn & Cia / Cervejaria Gustavo Jahn & Cia Ltda.



Texto: baseado em notícias do Jornal Correio do Munícipio de Montenegro - RS


Em 1878 chega ao Brasil o alemão, nascido na cidade de Dassau, Gustav (Gustavo) Jahn, filho de Heinrich Rudolph Jahn e Wilhelmine Jahn-Belger e se estabelece na Vila de São João do Montenegro - RS (atual Montenegro).

Ele, juntamente com Ernesto Jansen, havia sido contratado para trabalhar como tecelão na indústria de Felipe Keller, por volta de 1870. Eles trabalharam naquela fábrica até o seu fechamento.

Em 1886 casou com a filha do seu patrão chamada Guilhermina Keller, este casamento gerou quatro filhos: Carlos Gustavo, Ricardo, Willy e Luiza e permaneceu em Montenegro trabalhando como professor.

Gustavo Jahn foi um dos maiores empresários montenegrinos. Além disso, era um grande músico. Foi regente de coral, maestro de orquestra e presidente da Sociedade Germânia (que depois se tornou o Clube Riograndense). Transmitiu aos filhos o gosto pela música. Sua esposa, Guilhermina, foi uma das principais responsáveis pela construção do Hospital Montenegro, com o apoio da comunidade evangélica luterana, à qual pertencia, e de toda a comunidade montenegrina.


Por volta de 1892, fundou uma fábrica de cerveja em pequena escala, na rua Buarque de Macedo, na saída da vila de Montenegro que devido a sua tenaz perseverança e concentração no trabalho, progrediu muito.

Em 1896, ele construiu o prédio na rua Capitão Cruz esquina da rua São João. Prédio grandioso, para a época. Em 1898 a fábrica começou a funcionar no novo prédio. Em 1902, a empresa empregava três operários e produzia de quatro a cinco mil garrafas por mês. Jahn produzia a cerveja pelo método da alta fermentação. A empresa também produzia gasosa e água mineral. A cevada e lúpulo, principais matérias primas da cerveja, eram importadas da Europa. Em 1909, Gustavo Jahn ampliou e modernizou a sua fábrica para produzir cerveja de baixa fermentação. Produto de maior qualidade. Para isso, mandou seu filho Ricardo para a Alemanha, estudar a técnica de produção dessa cerveja mais sofisticada. Em 27 de outubro de 1910, o Jornal Correio do Município, de Montenegro, noticia que o senhor Gustavo Jahn comprou a fábrica de cerveja de José Mario Christofari, localizada nos subúrbios desta vila.

Em 29 de outubro de 1911, Gustavo Jahn regressa da Alemanha para onde havia ido no início do mês para conhecer e comprar novas máquinas para sua cervejaria.

Em 11 de fevereiro de 1912, retorna da Alemanha o filho Ricardo Jahn que partiu em março de 1910 para fazer o curso de cervejaria. Nesta mesma data o Jornal Correio do Município publica: “...Já estão chegando da Alemanha as novas machinas para a cervejaria do Senhor Jahn que pretende fazer funcional-as em novembro do corrente anno...”

Em 6 de junho de 1912, o Jornal Correio do Município publica: “... O edifício que o Sr. Gustavo Jahn está construindo para funcionamento de sua nova fábrica, já recebeu a cumieira...”.

Em 28 de junho de 1912, foi concluída a construção da chaminé da fábrica, que passou a ser um marco de Montenegro


Em 17 de outubro de 1912 iniciou a fabricação de cerveja pelo sistema de baixa fermentação na nova fábrica da rua Buarque de Macedo (atual Pizzaria Casarão). Essa nova fábrica que deverá ser inaugurada em fins de novembro ou princípio de dezembro, teve aumentado o edifício de sua antiga fábrica onde adaptou-o com mecanismos e utensílios importados da Alemanha e que mais ou menos são os seguintes: filtro, maquina para engarrafamento, lavadeiras de garrafas, 3 tinas para fermentação, tendo cada uma a capacidade de 6000 garrafas, 12 tanques para depositar cerveja também com capacidade de 6000 garrafas cada um, resfriador, aquentador, misturador de cevada, etc.
O motor tem a força de 60 cavalos e o compressor de 36, tendo a caldeira 72 metros quadrados de superfície de calor.
A água para a fabricação de cerveja e gelo é tirada do rio Cahy que fica distante da fábrica 1200 metros. A bomba, que é movida a eletricidade fornece 20 metros cúbicos de água por hora.
São bem espaçosos os dois porões frigoríficos próprios para a fermentação e depósito da cerveja.
O fabrico da cerveja deverá atingir 5000 garrafas diárias e a importância despendida com a montagem da fábrica e o aumento do prédio eleva-se a 200 contos de réis.

A nova cerveja tinha a marca União, classificada como Münchner Brauart (tipo de Munique).


Pelo decreto estadual n° 2026, de 14-10-1913. o Distrito de São João do Monte Negro foi Elevado à condição de cidade com a denominação de São João de Montenegro e pelo decreto estadual n° 1, de 20-01-1916, o município São João de Montenegro passou a denominar-se simplesmente Montenegro.





Depois passou a produzir a cerveja da marca Primor, classificada como Pilsener Brauart (tipo pilsen), que tornou-se a mais vendida e conquistou mercado no estado inteiro. Outra marca bem aceita foi a cerveja preta chamada Montenegrina, própria para ser bebida no inverno.

A fábrica trabalhava com 20 funcionários. A alta qualidade dos produtos garantiu à cervejaria Jahn a medalha de ouro na Exposição Estadual de 1916.

Em 19 de outubro de 1917, Gustavo Jahn veio a falecer e seus filhos: Carlos Gustavo e Ricardo, continuaram a administrar a fábrica.

Em 1924 a produção anual da empresa chegava a um milhão de garrafas.

Em 1935, na exposição comemorativa à Revolução Farroupilha, os produtos da Jahn concorreram com as maiores cervejarias do estado e venceram a competição recebendo a medalha de ouro.

A Cervejaria Jahn estava no auge quando, em fins de 1939, aconteceu uma verdadeira desgraça: a Segunda Guerra Mundial. No ano seguinte começou a faltar a matéria prima importada para a produção das cervejas e a empresa encerrou suas atividades.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Antarctica Paulista / Fábrica de Gelo e Cervejaria - Antarctica Paulista / Companhia Antarctica Paulista S.A. (até 1920)


Baseado nas publicações:
Textos: Coleção de Leis do Brasil - 1891 / Os Primórdios da Cerveja no Brasil (Sérgio de Paula Santos) / Jornal Correio Paulistano.
Imagens: Jornal A Provincia (Atual O Estado de São Paulo) / Luigi Musso.


O cervejeiro alemão Louis Bücher, pertencente a uma família de cervejeiros de Wiesbaden, na Alemanha, que havia chegado em São Paulo em 1868 e que desde 1870 era sócio da pequena Fábrica de Cerveja Gambrinus, cuja firma era Philipps & Buecher, estabelecida na Rua 25 de março nº2, na qual empregava arroz, milho e outros cereais em vez de cevada.
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Essa sociedade foi encerrada em 1º de novembro de 1871, Ficando Luiz Bücher responsável pela firma e fabricando diversos tipos de bebidas.
No ano de 1875, Louis Bücher ainda estava estabelecido na Rua 25 de março nº2, conforme comprova o anúncio deste marceneiro.
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Joaquim de Salles fez seu curso de engenharia no Instituto Polytechnico de Reusselaer, em Troy Est. de Nova York; formou-se em 1879 e voltou a S. Paulo onde trabalhou no prolongamento da Mogyana, e em 1881 na construção da estrada de ferro da Companhia Rio Claro onde foi chefe da 2.° secção.

Mais tarde dedicou-se à industria, fundando no final de 1885 juntamente com outros sócios (Luiz Campos Salles, José A. Cerqueira, Luiz de Toledo Pizza, Antonio Penteado e José Penteado Nogueira), no bairro da Água Branca, na cidade de São Paulo, o importante estabelecimento industrial Antarctica Paulista, para fabricação de gelo, banha, preparação de presuntos, conservação de carnes e todos os produtos de gado suíno, tendo começado a produzir em 10 de outubro de 1886.

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O estabelecimento é bem situado na proximidade da estação e junto a duas estradas de ferro, Ingleza e Sorocabana. O edifício da fábrica é representado por vários corpos ligados entre si. Um de dois andares de 39 x 14 metros para matança dos porcos, separação de carnes e toucinho e 1700 metros de camaras frigoríficas distribuidas em 5 divisões, nesse mesmo corpo se acha o salão para o fabrico de latas e salsicharia. Um outro corpo, casa de dois andares, com 8 x 6 contem as caldeiras de refinação de banha. No torreão faz-se a fumegação dos presuntos, podendo preparar cerca de 3000. Em um lance da casa terrea com a extensão de 14 x 9 metros se acham os maquinismos para fabricação de gelo podendo fabricar 10 toneladas diariamente. Há escritórios e moradias de empregados, casa esparsas para operários e as casas do Sr. Joaquim Salles (gerente) e luiz Pizza (outro gerente) e mais caldeiras e máquinas.

Em 27 de outubro de 1887, o jornal Correio Paulistano publica que a sociedade comercial estabelecida nesta cidade sob a firma Joaquim Salles & Cia elevou seu capital de Rs 150:000$000 para Rs 300:000$000 e admitiu como seus sócios solidários, o Barão de Romeiro, José de Campos Salles, Dr. Thomaz Augusto de Mello Alves, Angelina de Moraes Salles, José de Moraes Salles, Reginaldo de Moraes Salles, Eduardo Teixeira e o Dr. Domingos Correa de Moraes.

Os cálculos falharam, pois logo após a instalação da grande fábrica, a matéria prima começou a escassear, devido ao avassalamento da lavoura de café que se espalhava por todo o interior. A cultura do café extinguindo a fonte de produção de porcos desfechou um golpe mortal sobre a nova indústria nascente. As custosas e magníficas instalações, não tinham mais razão de ser; não restava à utilíssima empresa, outro recurso senão fechar as suas portas.

A fabricação de gelo ficou com sua enorme capacidade ociosa e isso despertou o interesse do cervejeiro alemão Louis Bücher e por volta de 1888, Louis Bücher acabou por se associar à Antarctica Paulista de Joaquim Salles. Essa sociedade alterou sua razão social para “Antarctica Paulista – Fábrica de Gelo e Cervejaria” e foi a primeira fábrica de cerveja com tecnologia apropriada para a produção de cerveja de baixa fermentação. A fabricação de cerveja começou apenas em 1889, após a instalação dos maquinismos e da chegada de mestres cervejeiros alemães, apesar de ter uma capacidade de produção de 6 mil litros diários a produção inicial foi de 1000 a 1500 litros diários. Seu primeiro logotipo eram dois ursos sobre um campo de gelo. Inicialmente a empresa não tinha um foco muito claro de negócios, atuando na fabricação de cerveja e refrigerantes, assim como continuava na fabricação de banhas e presuntos, fábrica de gelo e manutenção de câmaras frias para estocagem de alimento.

Neste e nos anos seguintes, foram publicados na imprensa vários anúncios da Fábrica de gelo e cervejaria Antártica Paulista, no jornal "A Província de São Paulo", atual jornal O Estado de São Paulo. Tal como o de 6 de setembro de 1888 inormando a mudança do depósito da Antarctica para o Largo da Sé, onde poderá ser procurado gelo.
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Sob a perspectiva do contexto histórico, o Brasil passou da fase colonial para a República, em 1889. Nesta época o Brasil efetivamente iniciava seu processo de industrialização. O decreto n. 164 de 17 de janeiro de 1890 regulamentou e deu novas liberdades à existência das Sociedades Anônimas. Nesse ano a Antarctica aumentou seu quadro de funcionários para 200 e também a sua capacidade de produção, já alcançava 4 milhões de litros produzidos. o Jornal "A Província de São Paulo", atual jornal O Estado de São Paulo do dia 11 de abril de 1900 traz em um de seus artigos referencia sobre a cerveja Bock Bier da Antarctica. E foi esse desenvolvimento que a levou a se tornar uma sociedade anônima.

Em 9 de fevereiro de 1891 foi oficialmente fundada a "Companhia Antarctica Paulista" como sociedade anônima, com 61 acionistas, sendo seus principais acionistas: João Carlos Antonio Zerrener, Adam Ditrik Von Bullow, Antonio Campos Sales, Antonio de Toledo Lara, Augusto Rocha Miranda, Teodoro Sampaio e Asdrubal do Nascimento.

A primeira diretoria foi composta pelos acionistas: Dr. Augusto da Rocha Miranda, presidente; Dr. Fabio Ramos, secretario; Asdrubal Augusto do Nascimento, gerente. O conselho fiscal; que terá de servir no primeiro ano, se comporá dos seguintes acionistas: João Carlos Antonio Zerrenner, Dr. Paulo Ferreira Alves, Dr. Augusto de Siqueira Cardoso. O prazo de duração da companhia será de 30 anos, a contar da data da instalação. O capital da companhia será de tres mil contos de réis (3.000:000$000), dividido em quinze mil ações de duzentos mil réis (200$000) cada uma. A companhia terá por fins: Explorar a fabrica da cerveja Antarctica Paulista e desenvolve-la no sentido de alargar a produção, de acordo com a procura e aceitação desse produto; Fabricar o ácido carbonico líquido, com aplicação à cerveja e outras bebidas espumantes; Fabricar o malte (cevada germinada), pelo sistema mais aperfeiçoado; Promover a cultura de cevada e aplicar os residuos da mesma à engorda e criação de porcos; Adquirir a grande chacara onde se acha estabelecido atualmente o Club Germania, em frente ao Mercadinho, à rua de S. João, e estabelecer ali: a máquina de gelo destinada ao engarrafamento e produção de gelo para o abastecimento da cidade, manutenção de camaras frias para a conservação, mediante armazenagem, de gêneros de fácil deterioração como frutas, legumes, leite, peixe, etc., depósito de matéria prima e dos produtos das fábricas da companhia, no espaço ocupado atualmente pelo gradil, na Rua de São João, pequenos chalés, confortáveis e higiênicos, anexos às camaras frias, para a venda do leite, peixe, frutas, caça, etc., grande salão e jardim de recreio para a venda de chops; Fundar na Agua Branca uma usina de distilação, retificação de álcool e outras manipulações; Montar na localidade do Estado, atualmente servida por estrada de ferro (Botucatú, Itapetininga ou Jahú), que for julgada mais conveniente, uma fábrica de banhas, presuntos, salames, carnes ensacadas, etc., aproveitando para isso todos os aparelhos da antiga fábrica daqueles produtos, pertencentes à Antarctica Paulista, os quais se acham desmontados e em perfeito estado de conservação, para esse fim a companhia adquirirá terrenos apropriados para a criação e engorda de porcos e que disponham de queda de água para a instalação da fábrica; Edificar por conta propria ou dividir em lotes e vender os terrenos de sua propriedade, anexos à fábrica e os da Chácara Germania, desnecessarios ás necessidades da companhia; Montar oportunamente no norte da República (Bahia ou Pernambuco) uma fábrica de cerveja modelada pela Antarctica Paulista, estabelecendo ali uma delegação da diretoria; Promover e realizar, por conta própria ou de terceiros, empreendimentos que entendam com o progresso industrial e agrícola.

O decreto nº 217 de 2 de maio de 1891 firmado pelo presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca autorizou a Companhia Antarctica Paulista a funcionar com os estatutos apresentados dentro da legislação vigente na época.

Entre os acionistas estavam João Carlos Antonio Zerrenner, alemão e Adam Ditrik Von Bülow, dinamarquês, ambos naturalizados brasileiros e proprietários da empresa Zerrenner, Bülow e Cia. exportadora e corretora de café. Eles desempenharam um papel fundamental na modernização da empresa. Importaram equipamentos da Alemanha para modernizar a produção de cerveja e os financiaram para a Antarctica e alem disso, colocaram a disposição da nova sociedade 860 contos de réis de seu próprio capital. A primeira crise, no entanto, aconteceria apenas dois anos depois, em 1893, quando a oscilação do mercado cambial, desvalorização da moeda e a necessidade de importação de matéria-prima trouxeram sérios problemas para manter o ritmo da produção e a Antarctica esteve por decretar a falência. Através da assembléia de 1º de janeiro de 1893 foram votados o novo estatuto, a redução do capital para Rs 1.710:000$000 distribuidos em 17.100 ações de Rs 100$000 cada, das quais 8600 serão entregues a Zerrener, Bullow & Cia. em pagamento da dívida que a companhia tem com esta firma, tornando-se desta forma acionistas majoritários passando a ter o controle de mais de 50% do capital da companhia, encabeçando a lista de acionistas pelo resto da vida.

Em janeiro de 1895, a Companhia Antarctica Paulista S.A. ganha sua primeira logomarca: uma estrela de seis pontas com a letra "A" inscrita no centro. A estrela, usada pelos fabricantes europeus desde a Idade Média, foi uma sugestão dos técnicos cervejeiros alemães.

Em 28 de fevereiro deste mesmo ano, a Antarctica registra sob o número 58 da Junta Comercial do Estado de São Paulo a cerveja Versandt Bier.

Em 27 de julho de 1896 a Companhia Antarctica registra a cerveja Antarctica sob o nº 75 da Junta comercial do Estado de São Paulo e neste ano registra as cervejas Pilsner e Bock.

Em 14 de dezembro de 1898 faz a renovação do registro da cerveja Antarctica sob o n° 148.

Em 1899, já não havia mais problemas financeiros, através da Assembleia Geral Extraordinária de 16 de junho, o capital foi aumentado de Rs. 1.609.100$000 para Rs. 3.500:000$000, empregava 300 funcionários, produzia 50.000 hl anuais de cerveja e 50 toneladas de gelo por dia.

Em 2 de setembro de 1900 falece Luiz Bücher, o mais antigo funcionário da Companhia Antarctica Paulista e um dos mais antigos fabricante de cerveja de São Paulo.

Em 1901, através da Assembleia Geral Extraordinária de 22 de abril, o capital foi aumentado de Rs. 3.500:000$000 para Rs. 7.000.000$000, em função da valorização de seus bens.

Ainda em 1901, entra com requerimento para registro da cerveja Bohemia na sessão da Junta Comercial do Estado de São Paulo.

Em 23 de setembro de 1902, entra com requerimento para registro da cerveja Monopol na sessão da Junta Comercial do Estado de São Paulo.

Em 1902, quando o capital já era de Rs. 10.000:000$000, a empresa abriu para o público paulista o amplo espaço onde funcionava a cervejaria, uma área de 300 mil metros quadrados com jardins planejados, passeios, lagos, espaços para piquenique, parques infantis, pistas de atletismo, quadras de tênis e campo de futebol. Assim nascia o Parque da Antarctica Paulista, tornando-se a principal área de lazer da cidade. A partir de então recuperou-se e passou a crescer rapidamente.

Em 1903, a sala das máquinas motrizes de grandes dimensões não parece destinada a conter aqueles monstros de aço que fornecem movimento aos diferentes maquinismos. Os diferentes motores são colocados muito convenientemente de modo a obter a maior economia de espaço e as maiores vantagens para o serviço.
Acham-se ali: um motor Compound, sistema Linde, da fábrica dos Gebruder Sulzer de Winterthur, de 120 hp cujo volante mede 7 metros de diâmetro e outro da mesma fábrica de 80 hp de alta pressão com volante de 4 metros de diâmetro. Os eixos desses motores são ligados a duas bombas especiais para comprimir o amoníaco até 18 atmosferas. Uma máquina de gelo Artic Ice Machine M.F.G. and Co., de Cleveland, Ohio, e cinco bombas Compound de Henry R. Worthington que fornecem a água necessária para todos os serviços da fábrica. Dois grandes compressores de ar de Wegelins and Hübner, de Halle (Saxonia). Dois dínamos acionados por dois motores de 5 hp, de 110 volts e 150 ampéres, da fábrica C. Daevel, de Kiel, destinado a fornecer a iluminação as diversas seções e dependências do estabelecimento, completando a instalação elétrica, um grande quadro distribuidor e um para-raios de Ganz & Cia, de Budapest.

O vapor necessário para os motores, bombas, máquinas de gelo, máquinas para ferver e esterilizar a cerveja, etc. é fornecido por 6 caldeiras de K. N. Möller, de Brackwerde. Essas caldeiras tubulares de 600 hp, trabalham com a pressão de 12 atmosferas e estão colocadas numa sala apropriada.

Em 7 de fevereiro de 1903, entra com requerimento para registro da cerveja Porter na sessão da Junta Comercial do Estado de São Paulo.

Em 1904 adquire o controle acionário da Cervejaria Bavária, na Mooca, São Paulo - SP, que pertencia a Henrique Stupakoff & Cia. Com capital alemão e brasileiro, dividido meio a meio, e maquinários vindos da Suíça e da Alemanha, ali se produziam as seguintes qualidades de cerveja: Pilsen, Munchen e Export, que eram vendidas em barris ou em garrafas.

Em 1905 a Antarctica efetiva a compra da Cervejaria Bavária por $3.700.000$000 (tres mil e setecentos contos de réis) e seu capital já é de 8.500.000$000.

Em 11 de janeiro de 1907 a Companhia Antarctica Paulista registra a cerveja Excelente sob o nº 814 da Junta Comercial do Estado de São Paulo.

Em 14 de junho de 1907 a Companhia Antarctica Paulista registra a cerveja Tip Top Bock sob o nº 881 da Junta Comercial do Estado de São Paulo.

Em 20 de março de 1908, na sessão da Junta Comercial entra com requerimento para registro da cerveja Esperança.

Em 5 de maio de 1908, na sessão da Junta Comercial entra com requerimento para registro da cerveja Pery.

Em 14 de abril de 1911, a Antarctica inaugura, na cidade de Ribeirão Preto no interior de São Paulo, a sua primeira filial.

A Companhia Antaretica Paulista lança a emissão pública de um empréstimo da quantia de Rs. 6;000:000$000, dividido em 30.000 obrigações ao portador (debentures) de duzentos mil réis cada uma, juros do oito por cento ao ano. Para o fim de ultimar as grandes obras que está fazendo em sua fabrica da Moóca,para a edificação de predios para seus depositos na cidade e naconstrução do Theatro Casino Antarctica na Avenida Anhangabahú, bem como para iniciar as grandes obras projetadas nas ruas de S. João, Formosa e vale do Anhangabahu, onde serão construidos os Theatros Bijou e Salão e o novo Theatro Polytheama. assim como sobrados de cinco andares, destinados a hotel, restaurantes, pensões, etc., devidamente autorizada pelas assembléias gerais extraordinarias de 16 de janeiro de 1913, cuja ata foi publicada no Diario Ofical de São Paulo de 19 da janeiro proximo findo sob n. 15 e no O Estado de São Paulo de 1 de março corrente, e a de 12 deste mes de março, cuja ata foi publicada no Diario Oficial de São Paulo de 13 de março de 1913 sob n. 56 e no O Estado de São Paulo do 14 deste mes, atas estas arquivadas na Junta Comercial da Capital de São Paulo, respectivamente a 18 de janeiro proximo findo e a 12 de março corrente.

Em 1914, a 1ª Guerra Mundial não trouxe grandes alterações ao panorama cervejeiro do Brasil. O fato da guerra se desenrolar principalmente na Europa e de a importação de cerveja estrangeira ser diminuta ou mesmo nula, fez com que não só o consumo como também a produção, se mantivesse a níveis bastante elevados e em franco crescimento A participação da cerveja no mercado, neste período, aumentou significativamente até se tornar uma das bebidas mais populares do país. E já no início dos anos 1920 a produção na filial Ribeirão preto era de 250 mil hl/anuais. A cervejaria passou a eliminar quase todas as concorrentes e também as importadas, num segundo momento, a Antarctica diversificaria seus investimentos, marcando os anos 20 com o início da produção de seu famoso guaraná.

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